O projeto Conhecer, Acolher e Semear foi selecionado para o prêmio Educar para Transformar do Instituto MRV e irá receber R$ 160 mil para o desenvolvimento do projeto, que é uma iniciativa do Instituto Mulheres Negras Enedina Alves Marques, de Maringá (PR), e tem como objetivo capacitar professores da Escola Estadual Unidade Polo, no Jardim Alvorada, para temas como gênero e racismo.
Entre as 400 propostas, o projeto foi um dos 10 ganhadores e reunirá profissionais como psicólogos e advogados para capacitar os professores da instituição. Segundo a psicóloga e coordenadora do projeto, Tayná Adorno, o projeto foi todo pensado para que os professores orientem os alunos da melhor forma possível e estejam preparados para algum caso que aconteça. “A gente fez toda uma programação, um cronograma de trabalho, um planejamento do que a gente gostaria de fazer nessa formação. Em gênero, etnia, várias pautas da diversidade, sobre como acolher as questões de alguns alunos em sala de aula. Por isso, nossa equipe, pensada no projeto, tem psicólogos, assistente social, historiadores, advogados. Pra gente tratar de algumas práticas que são rotinas no contexto escolar, mas nem sempre o professor está preparado para lidar com isso”, afirmou.
Ainda de acordo com Tayná, a sociedade espera muito dos professores, mas não é dada estrutura para o corpo docente. “Nem sempre ele tem instrumento para trabalhar aquilo. Se ele não estudou aquilo, se ele não tem apoio, como ele vai lidar com essas situações em sala de aula? A gente entende que o professor é peça fundamental para qualidade do ensino que é, consequentemente, para mudanças sociais”, disse.
Momentos de crise
Várias instituições de ensino, principalmente de nível superior, vem sendo questionadas sobre suas qualidades e processos. pensando nisso, Tayná observa que a premiação veio em um momento para dar um “respiro” à educação. “O Brasil, na verdade, o mundo, vive uma onda muito perigosa para a educação, com algumas coisas sendo desmanteladas, com o olhar um pouco enviesado sobre algumas coisas, a gente entende que é um respiro, uma esperança mesmo. A gente até discutiu entre nós, aqui no Instituto, e a gente quer falar de educação, falar de educação além muros, por que o projeto prevê isso. Não é só o professor de matemática dá aula de matemática, mas na sala acontece uma situação de racismo, ele não sabe o que fazer. Uma professora de português dá aulas de português, mas às vezes ela vai ser a primeira pessoa que uma menina vai contar de uma violência que sofreu, etc.”, finalizou.
O Instituto Mulheres Negras Enedina Alves Marques está formalizando a parceria com o Instituto MRV e os valores repassados serão para custear contratos, profissionais e compra de equipamentos.