Por Lyz Ramos
Conferindo o plantel de jogadores que representam países com histórico de colonização sobre nações africanas, não é difícil encontrar atletas naturalizados ou com dupla nacionalidade que escolheram vestir a camisa da equipe europeia. Foi assim que começou a trajetória de Piqueti Djassi Brito Silva, em competições internacionais.
O jovem ponta nascido em Bissau, capital da Guiné-Bissau, compôs os selecionados do sub-20 de Portugal durante 2013. Sua trajetória mudou em 2015, com a convocação para a seleção principal do seu país natal que se preparava para a disputa das qualificatórias da Copa do Mundo.
Logo, o camisa 18 mostrou serviço e ajudou os Djurtus a conquistarem uma vaga inédita na CAN e se tornarem a quarta nação lusofônica a participar da disputa. A estreia chegou a ser ameaçada quando, há poucos meses do torneio, o time faltou aos treinamentos em protesto pela falta de pagamento do prêmio prometido pelos dirigentes da federação pela conquista inédita.
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Outra possível razão para desacreditar do desempenho da estreante, seria a recusa de convocações por jogadores nascidos os com ascendência na Guiné-Bissau, que têm vontade de representar a Seleção Portuguesa principal. Mas com o soar do apito inicial, as histórias de bastidores se tornaram apenas pano de fundo.
Era a CAN de 2017 e a Seleção Guineense faria a sua estreia em um grupo de veteranos. Na primeira partida de 1 a 1 contra o Gabão, a equipe conquistou o seu primeiro ponto e marcou o primeiro gol saído dos pés de Juary Soares. Mas o primeiro golaço ficou guardado para a segunda rodada.
Contra a tradicional Seleção Camaronesa, os guineenses eram os azarões – mas pareciam não saber. Aos 13 minutos, a defesa guineense rouba a bola e Piqueti parte em contra-ataque veloz pela esquerda, distribuindo chapéus e dribles. São mais de 80 metros percorridos e, com a defesa de Camarões desajeitada com apenas dois defensores à frente, cortou para a direita e chutou à média distância para talvez o gol mais bonito daquela CAN.
Para além da obra-prima, a Seleção Guineense manteve o placar por toda a primeira etapa, mas acabou cedendo nos 45 minutos finais e levando o revés de 2 a 1. Como de costume às seleções estreantes na Copa, as combinações de resultado da rodada final não classificaram a equipe para a fase final. No entanto, o desempenho apresentado, visto a pouco fomento ao futebol do país, foi motivo de comemoração e reconhecimento.
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