Fórum Econômico Mundial: Aprendizados para o cenário brasileiro

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Por Luana Génot*

Durante o recente Fórum Econômico Mundial em Davos, tive a oportunidade de discutir questões cruciais com líderes, representantes e intelectuais de todo o mundo. Algumas reflexões, como as compartilhadas pelos Ministros Barroso e Marina Silva, ainda ecoam em minha mente, destacando os múltiplos papéis da Amazônia no Brasil e no mundo. A biodiversidade única, o papel vital no ciclo da água, e o armazenamento essencial de carbono ressoam como lembretes da urgência em preservar nossa floresta. A Amazônia, com seus 29 milhões de habitantes, é mais do que um ecossistema; é a base de 9% do PIB brasileiro.

No próximo capítulo, muitos recursos e fundos serão direcionados à preservação da Amazônia e à transição energética no Brasil. No entanto, a governança desses fundos é crucial, uma vez que deve garantir a participação ativa de pessoas negras, indígenas e outros grupos sub-representados nas decisões que moldarão o futuro. Devemos transcender a abordagem convencional e colocar as pessoas no centro das discussões sobre mudanças climáticas.

A complexidade do cenário atual, com a ascensão da inteligência artificial e os desafios das mudanças climáticas, levanta uma questão fundamental: será possível reconstruir a confiança das pessoas nas organizações, governos e valores? A resposta, reconheço, não é simples. No entanto, ao retornar de minha segunda participação em Davos, mantenho um otimismo fundamentado.

Luana Génot /Foto: Divulgação

Desde 1971, líderes de diversos setores e partes do mundo se reúnem para discutir o presente e o futuro. Em um ambiente onde relatórios e pesquisas são lançados, destaco o impacto do relatório da Oxfam (Comitê de Oxford para Alívio da Fome) sobre a concentração de riqueza. Este é um lembrete contundente da necessidade urgente de lutar por igualdade racial, social e de gênero, bem como por uma distribuição mais equitativa de riquezas e oportunidades.

Minha participação no relatório de melhores práticas de diversidade e inclusão, liderado pelo Fórum Econômico em colaboração com especialistas, foi uma experiência enriquecedora. As melhores práticas reveladas precisam ser disseminadas não apenas dentro do mundo corporativo, mas em todos os setores da sociedade.

Nos painéis do Financial Times e da Casper Labs, destaquei a importância de repensar as práticas ESG no contexto da inteligência artificial. Na Swissnex, diante da Ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, abordei a necessidade premente de direcionar os fundos verdes para a justiça climática e para as comunidades negras e indígenas. Ao liderar a discussão sobre justiça climática no painel da The Female Quotient, enfatizei a importância de entrelaçar temas como igualdade racial e de gênero nas prioridades do Brasil, representando o G20.

Retorno de Davos esperançosa, não apenas por termos colocado essas questões na pauta global, mas também por fortalecermos articulações para ações concretas em prol da justiça climática e da igualdade racial e de gênero. Em 2024, tornaremos essas discussões reais e efetivas.

Sobre o ID_BR | @id_br

Fundada em 2016, o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) é uma organização sem fins lucrativos, pioneira no Brasil e 100% comprometida com a aceleração da promoção da igualdade racial. A partir da Campanha Sim à Igualdade Racial desenvolvemos ações em diferentes formatos para conscientizar e engajar organizações e a sociedade. Buscamos reduzir a desigualdade racial no mercado de trabalho, como indica o objeto 10 da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Luana Génot, fundadora e diretora-executiva do ID_BR (Instituto Identidades do Brasil)

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