No Recife, mulher trans é queimada viva por adolescente

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Dias antes do Dia do Orgulho LGBTQIA+, uma mulher trans foi queimada viva em um ponto de ônibus no Centro de Recife, no Cais de Santa Rita. Roberta, – que não teve o seu sobrenome divulgado -, de 40 anos, teve 40% do seu corpo queimado por um adolescente, na noite da última quarta-feira (23). Ela é moradora em situação de rua.

O caso ganhou repercussão após a co-deputada Estadual de Pernambuco, Robeyoncé Lima, que também é mulher trans, postar em sua rede social o ocorrido. De acordo com a Polícia, o suspeito do crime é um adolescente que tentou fugir, mas foi apreendido e encaminhado para a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA).

Robeyoncé conta que quando chegou ao hospital Roberta estava na ala masculina. “Quando cheguei no hospital ela estava na ala masculina, sem o respeito ao nome social. Prontamente conversamos com ela e intervimos na situação”.

“Um adolescente ateou fogo em uma mulher transexual, mulher que está em situação de rua, uma mulher negra que infelizmente por conta da cisheteronormatividade do Estado é jogada compulsoriamente para a margem da sociedade”, disse a pedagoga e escritora, Thiffany Odara, ao Notícia Preta.

Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), em 2020, houve um recorde de assassinatos contra travestis e mulheres trans, um total de 175 casos mapeados. Já em 2021, nos quatro primeiros meses, o Brasil chegou a marca de 56 assassinatos – sendo 54 mulheres trans/Travestis e 2 homens trans/Transmasculinos. 

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O racismo ele potencializa a transfobia, porque quando a gente vai para os Atlas de Violência principalmente os Atlas da ANTRA, 70% das pessoas trans que são violentadas são mulheres trans negras ou pardas. Então de que orgulho estamos falando? Nunca tivemos simpatia e nos orgulhamos pela resistência que temos em confrontar a barbárie desse estado”, disse Thiffany

A ANTRA mostra ainda que 80% dos casos de assassinatos são contra mulheres trans e travestis negras. Em 2020, dentre os casos analisados, 78% dos casos as vítimas eram travestis/mulheres trans negras – pretas e pardas (de acordo com o Estatuto da Igualdade Racial). O nosso orgulho é em resistir. Infelizmente, resistir às truculências de um Estado que nega a existência de corpos trans e que tenta nos matar todos os dias. Então infelizmente esse é um retrato de uma sociedade cishétero, racista que tenta aniquilar a existência de corpos trans diariamente”, conclui Thiffany.

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