Musical inspirado no clássico ‘Viva o Povo Brasileiro’ estreia em São Paulo

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Com direção de André Paes Leme, músicas originais de Chico César, e direção musical de João Milet Meirelles, o espetáculo fala sobre uma alma que queria ser brasileira

Depois de estrear em agosto no Rio de Janeiro, o musical ‘Viva o Povo Brasileiro’ (De Naê a Dafé), produzido pela Sarau Cultura Brasileira, apresentado pelo Nubank e realizado pelo Sesc São Paulo, desembarca na capital paulista para uma temporada no Sesc 14 Bis, entre os dias 18 de novembro e 14 de janeiro de 2024.

As apresentações acontecem no Teatro Raul Cortez, de quinta a sábado, às 19h30, e aos domingos, às 18h. O espetáculo é uma versão musical para o romance “Viva o Povo Brasileiro”, uma das obras-primas do saudoso autor baiano João Ubaldo Ribeiro (1941-2014), vencedor dos prêmios Camões de Literatura e Jabuti. Esse livro poderoso ainda inspirou o samba- enredo da Império da Tijuca no Carnaval de 1987.

O espetáculo fica em cartaz até janeiro de 2024 /Foto: Annelize Tozetto

A versão teatral, dirigida por André Paes Leme, conta com 30 músicas originais compostas por Chico César, a partir de letras inspiradas ou que utilizam parte textual da obra de Ubaldo. Já a direção musical e a trilha original são de João Milet Meirelles (da banda BaianaSystem). No elenco, estão Alexandre Dantas, Guilherme Borges, Hugo Germano, Izak Dahora, Jackson Costa, Ju Colombo, Júlia Tizumba, Luciane Dom, Lucas dos Prazeres, Maurício Tizumba e Sara Hana.

A pesquisa para a montagem de Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé) nasce da investigação de doutorado feita na Universidade de Lisboa pelo diretor André Paes Leme, que já adaptou outros clássicos da literatura para o teatro: ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’, ‘A hora e vez de Augusto Matraga’ e ‘Engraçadinha’.

O desejo de falar do que seria esse povo brasileiro a partir da ótica crítica e do humor de João Ubaldo Ribeiro provocou o nascimento do projeto. “Não há possibilidade de entender o povo brasileiro sem compreender que todos nós somos o povo brasileiro, desde os povos originários até os imigrantes que chegaram muito tempo depois. Criamos esse espetáculo, que praticamente pega um terço do livro, mas traz a essência da obra ligada à ideia de ancestralidade, de espiritualidade, da luta contra a escravidão, por uma igualdade e justiça social. O texto é especialmente conectado à força feminina, que é algo muito forte a partir da personagem da Maria Dafé, que é a grande heroína“, diz André.

O livro de Ubaldo tem cerca de 700 páginas e percorre 400 anos da história do Brasil. A trama, ambientada em Itaparica, fala de uma alma que quer ser brasileira. Primeiramente, ela encarna em indígenas, até o primeiro personagem, o Caboclo Capiroba, em 1640, que é enforcado pelos portugueses colonizadores, mas tem uma filha que se chama Vu, e dela descendem as mulheres da história.

A alma depois reencarna em um Alferes, em 1809. Esse Alferes sonhava em ser um herói brasileiro e tem morte súbita protegendo Itaparica da invasão portuguesa. Morre cedo, mas consegue ser considerado herói. A alma fica mais desejosa de ser brasileira e vai encarnar na personagem Maria Dafé, que é filha da Vevé (Naê), tataraneta de Vu. Ela foi estuprada pelo Barão, que, quando sabe da gravidez, manda o negro Leléo tirar Vevé de Itaparica. Leléo é um negro liberto, que já tem muito dinheiro e que cuida de Dafé como sua verdadeira neta, dando ensino e escola. Aos 12 anos, Dafé assiste ao assassinato da mãe a facadas, por homens que queriam violentar as duas. Essa tragédia é o gatilho para Dafé virar a heroína da história.

Para cadenciar toda a trama, Chico César compôs 30 canções, que ganharam arranjos de João Milet Meirelles e a colaboração do elenco. No palco, três músicos e dez atores que interpretam, cantam e tocam. Além do elenco fixo o espetáculo tem um coro composto por atores iniciantes / estudantes, que ajudarão a dar vida à essa epopeia.

Esse é meu terceiro trabalho com a Sarau. Nós fizemos ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’ e ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’. Para compor as músicas, eu parti da palavra do escritor e busquei a sonoridade da escrita. Trouxe muito da minha formação intuitiva da música negra, brasileira, baiana, porque o livro se passa em Itaparica e Salvador. Fiquei feliz quando soube que era o João Meirelles quem
seria o diretor musical, porque o BaianaSystem é o grupo com maior expressão dessa contemporaneidade da música negra brasileir
a”, conta Chico César.

Sinopse

Baseada em livro de João Ubaldo Ribeiro, a montagem é ambientada em Itaparica, na Bahia percorre o período de 1647 a 1977, acompanhando uma alma em busca da identidade brasileira, que encarna em personagens invisibilizados pela história. Ao longo desses 400 anos, a construção dos abismos sociais é mostrada através das figuras de Caboclo Capiroba, o Alferes e Maria Dafé, que transformam suas dores em heroísmo e demonstram a força da ancestralidade que percorre a formação do nosso povo.

Ficha Técnica

Da obra de João Ubaldo Ribeiro
Diretor e dramaturgo: André Paes Leme
Com Alexandre Dantas, Guilherme Borges, Hugo Germano, Izak Dahora, Jackson
Costa, Ju Colombo, Júlia Tizumba, Luciane Dom, Lucas dos Prazeres, Maurício
Tizumba e Sara Hana. Stand-in: Lucas dos Prazeres
Músicas originais: Chico César
Direção musical e trilha original: João Milet Meirelles
Direção de produção e produção artística: Andréa Alves
Diretora de projetos: Leila Maria Moreno
Coordenador de Produção: Rafael Lydio
Diretor Assistente: Anderson Aragón
Consultoria: Ynaê Lopes
Desenho de som: Gabriel D’Angelo
Iluminação: Renato Machado
Cenografia: Natália Lana
Figurino: Marah Silva
Preparação corporal e direção de movimento: Valéria Monã
Visagismo: Cora Marinho
Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Serviço
Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé)
Temporada: 18 de novembro a 17 de dezembro de 2023 e de 4 a 14 de janeiro de
2024*, de quinta a sábado, às 19h30, e aos domingos, às 18h.

*Sessão extra acontece no dia 20 de novembro, às 18h
Não haverá apresentação no período de 18 de dezembro a 3 de janeiro.
Sesc 14 Bis – Teatro Raul Cortez – Rua Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista
Ingressos: R$ 60 (inteira), R$30 (meia-entrada) e R$18 (credencial plena)
Venda online no aplicativo

Credencial Plena e no site em sescsp.org.br a partir do
dia 07/11/2023 e presencial nas unidades do Sesc a partir do dia 08/11/2023.
Classificação: 14 anos
Duração: 180 minutos (com intervalo)
Capacidade: 506 lugares
Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

Sobre o diretor
André Paes Leme é encenador formado na UNIRIO, Mestre e Doutor em Estudos de Teatro pela Universidade de Lisboa. Já realizou mais de 50 espetáculos, entre peças teatrais, concertos musicais, óperas e eventos comemorativos de relevância cultural.

Suas últimas encenações foram: A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa (2020),Agosto (2017), Esperança, de César Mourão (2015), Amigo Cyro muito te admiro, de Rodrigo Alzuguir (2014). O Lugar escuro, de Heloisa Seixas (2013).

Arresolvido, de Erida Castello Branco (2012). Um Rubi no Umbigo, de Ferreira Gullar (2011). Hamelin, de Juan Mayorga (2009), pelo qual recebeu o Prêmio APTR/2010 de melhor direção. Candeia, de Eduardo Rieche (2008). A hora e vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa (2007). Uma última cena para Lorca, de Antônio Roberto Gerin (2005). Grande Othelo, de Douglas Dwight (2004). Chega de sobremesa, de Stela Freitas (2002). Engraçadinha, de Nelson Rodrigues (2001). Pequenos trabalhos para velhos palhaços, de Matei Visniec (2000).

Crédito: Annelize Tozetto

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