O Moçambique vive dias de violência, repressão policial e agitação política. Tudo isso se deu pelas eleições do dia 9 de outubro, desde que Daniel Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), se reelegeu. O partido governa o país desde 1975, quando houve a guerra de independência neocolonial de Portugal. As eleições foram contestadas e o opositor Venâncio Mondlane, que teve apenas 20% dos votos tenta mobilizar a insatisfação do povo a seu favor.
Nas redes, algumas manifestações de moçambicanos denunciam violações de direitos humanos nas manifestações. Doutorando em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Eden Pereira, que é Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e Relações Sul-Sul, falou sobre a situação do país da África em exclusiva ao Notícia Preta.
“É uma crise generalizada do governo da FRELIMO e uma tentativa de parte das elites do país de assumir o poder. Há muitos anos que a FRELIMO deixou de ser um instrumento político popular para ser um partido da ordem neoliberal. O país afundou em uma desigualdade social tremenda por causa da escolha de um modelo econômico extrativista que não trouxe avanços pra população. Boa parte da juventude não tem perspectivas de melhora de vida e nem de que a política atende as necessidades gerais”, explica Eden.

Segundo o doutor, o candidato da oposição, Venâncio Mondlane, que “não é nenhum líder revolucionário ou coisa similar”. É um político liberal típico, candidatou-se a presidente para tentar ganhar alguma projeção com o apoio de parte da elite moçambicana pra tentar forçar uma mudança de regime.
De acordo com o pesquisador, isso ocorre porque a FRELIMO está cada vez mais enfraquecida não só em termos de apoio popular, mas de poderio policial e militar. Boa parte das províncias são controladas por grupos armados e mercenários.
“As multinacionais também percebem essa perda de autoridade e aproveitam o cenário para trazer um governo mais favorável. Os protestos convocados por Mondlane visam criar um cenário típico de insurreição com o apoio da juventude descontente com a situação geral do pais. Algo que está sendo alcançado paulatinamente”, disse.
O Brasil expressou sua preocupação com o caos político ocorrendo no Moçambique: “Ao recordar o direito à liberdade de reunião e de manifestação, o Brasil exorta as partes à contenção, de forma a assegurar o exercício pacífico da cidadania no quadro democrático”, diz o governo brasileiro.
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