Não é a primeira vez que a Bahia é execrada pela postura eleitoral, repercutindo em discussões políticas que trazem características de xenofobia e racismo estrutural. No entanto, desta vez a intolerância chegou à mesa de um bar em Engelho de Brotas, em Salvador, e resultou no assassinato do capoeirista mestre Moa do Katendê com 12 facadas, na última segunda-feira, por um eleitor do candidato à presidência pelo Partido Social Liberal (PSL).
“Este crime trata-se de 12 facadas em um homem negro da comunidade, que levava seu discurso abertamente em defesa aos trabalhadores, por um assassino confesso que declarou ser eleitor de Bolsonaro”, declarou o mestre Duda, presidente do Conselho Gestor da Salvaguarda da Capoeira do Estado da Bahia e parceiro de trajetória política de mestre Moa.
Segundo relato, mestre Moa atuava na salvaguarda da Capoeira, além de participar de discussões sobre políticas para povos de santo e em projetos sociais realizados na comunidade do Dique Pequeno, no Engenho Velho de Brotas. “Ninguém tem nenhum relato anterior sobre discussões com mestre Moa, ele sempre foi muito tranquilo e reunia muitas pessoas em volta dele”, ressalta mestre Duda.
Romualdo Rosário da Costa, mais conhecido como mestre Moa do Katendê, nasceu em 1954 em Salvador, foi capoeirista, compositor, percussionista, artesão e educador. Ogan do Ilê Axé Omin Bain, localizado no Dique Pequeno, se consagrou em 1977 quando foi campeão do Festival da Canção do Ilê Aiyê. Em 1978, Mestre Moa fundou o Afoxé Badauê que marcou a história do carnaval baiano cantado por Gilberto Gil e Caetano Veloso. Através do Grupo Afoxé Amigos de Katendê, criado em 1995 em parceria com amigos, mestre Moa desenvolvia trabalhos em diversas regiões do Brasil e internacionalmente.