Coletivos, movimentos sociais e parlamentares de São Paulo organizam diversos atos em contra o massacre de Paraisópolis e o genocídio da população negra. Nesta quarta feira (04), às 17h, o coletivo ‘Coalizão Negra Por Direitos’ realizará um ato público intitulado ‘Massacre de Paraisópolis: não foi acidente. É genocídio’. A manifestação acontece no centro da capital Paulista.
O massacre de Paraisópolis, racismo e a criminalização da favela será tema de uma audiência pública que acontecerá nesta quinta-feira (05), às 19h, na Assembleia Legislativa de São Paulo. “O caráter racista e anti-periférico da política de segurança pública do estado de São Paulo é flagrante, haja visto o número excessivo de operações policiais que resultaram em morte e violência nas periferias. Uma nova politica de segurança pública é urgente”, publicou a deputada estadual Erica Malunguinho (Psol / SP), uma das parlamentares que está à frente desta audiência, em seu Instagram.
No dia 14, às 17h, em Paraisópolis, acontece a ‘Marcha contra o genocídio da população negra e periférica’. O ato é organizado por diferentes grupos e coletivos. “Estamos dando entrada de queixa coletiva pedindo investigação, respostas e indenização às famílias que sofreram essas perdas, juntos ao Ministério Público, a Secretaria de Segurança Pública e a Corregedoria. Essa marcha é para que nós sejamos ouvidos”, explicou Daiana Andradel, coordenadora do Sarau de Paraisópolis e uma das organizadoras da marcha.
O Caso
Na madrugada de domingo (1), no Baile das 17, em Paraisópolis, nove jovens com idade entre 14 e 23 anos, morreram e doze ficaram feridos após uma operação policial que invadiu ‘o pancadão’. Essa megafesta é uma das poucas opções de lazer dos jovens da comunidade e atrai milhares pessoas de outras localidades de São Paulo.
Segundo a polícia, os agentes estariam perseguindo dois suspeitos que tentaram se esconder na multidão depois de atirar neles. Os policiais jogaram gás lacrimogêneo e as balas de borracha, o que gerou pânico em meio a multidão que começou a correr para todos os lados, entre os becos.
Vídeos gravados por moradores da região mostraram policiais agredindo os participantes do baile. As vítimas tinham entre 14 a 23 anos e nenhum deles morava em Paraisópolis. São eles: Paulo Oliveira dos Santos (16) ; Bruno Gabriel dos Santos (22) ; Eduardo Silva (21); Denys Henrique Quirino da Silva (16) ; Mateus dos Santos Costa (23) ; Gustavo Cruz Xavier (14) ; Gabriel Rogério de Moraes (20) Dennys Guilherme dos Santos Franca (16) e Luara Victoria (18).
O caso está sendo investigado pela Corregedoria do Estado.
PM alterou ‘cena do crime’ ao tirar corpos de Paraisópolis, diz conselho
Ao retirar os corpos das vielas de Paraisópolis alteraram a cena do crimes, segundo o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) de São Paulo: “Esses corpos não poderiam ter sido levados para hospitais”, disse o presidente do órgão, advogado Dimitri Sales.
Com base em visitas e informações colhidas junto ao IML (Instituto Médico Legal) e em apurações que realizou no local das mortes, o Condepe afirma que sete das nove mortes ocorridas se deram no próprio local. Duas mortes ocorreram nos hospitais.
“O que houve foi um massacre”, afirmou Sales. Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, “todas as circunstâncias relativas ao caso são investigadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e a Corregedoria da Polícia Militar também apura a ação dos policiais”.