“Não tem como escapar”, diz o ator Luiz Felipe sobre racismo no audiovisual

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SANTO (L to R) LUIZ FELIPE LUCAS as PAULO in episode 03 of SANTO. Cr. MANOLO PAVÓN/NETFLIX © 2021

Luiz Felipe Lucas, mineiro, de 34 anos, atualmente residente em Barcelona, na Espanha, está entre os principais nomes da série “Santo”, produção espanhola para a maior rede de streaming no mundo, a Netflix. A série conta a história de Santo, um traficante de drogas que ninguém descobre quem é. Ele interpreta Paulo, um delegado da Polícia Federal.

Luiz Felipe durante a série Santo – Foto: Manolo Pavón/Netflix

Sua trajetória no teatro foi até 2016 e rendeu seis espetáculos. “O palco é uma grande fonte de estudo. A sabedoria que o teatro traz, a carregamos para todos os trabalhos”, afirma. Na função de diretor e criador, também tem seis trabalhos com sua assinatura, realizados no Brasil, na Itália, na Espanha e na Áustria.

Por ser um homem negro, Luiz Felipe conta que já sofreu racismo no meio audiovisual e na vida, seja no Brasil ou na Europa. “Não tem como escapar. Tem horas, que você pode não querer olhar para isso. Para mim é bem diferente. Já sofri em vários ambientes”, revela. Para ele, a ocupação de pessoas negras junto à cultura, é de extrema importância. “A história precisa ser contada de forma verdadeira. Aqui na Espanha, ela não tem toda a veracidade. Acredito que com meu trabalho, seja possível conquistar mais espaço e mostrar a real, de fato”, conclui sobre o tema.

Luiz Felipe diz querer voltar para o Brasil e trabalhar em produções nacionais, conhecer o universo das novelas. “Gosto de trabalhar com coisa boa, positiva e que dê tesão de fazer. Me entrego. Tenho vontade de viver tipos normais. Sem estereótipos de pessoa negra”. conclui

Trabalhos

Luiz Felipe, desde criança soube que queria trabalhar com arte. “Nunca fiz outra coisa. Se tivesse outra profissão, seria um trabalho com crianças”, diz. Ele se formou em Artes Cênicas, pela Casa das Artes de Laranjeiras, a CAL, no Rio de Janeiro, em 2013. Nos anos seguintes, esteve junto à Cia Teatro Esplendor, comandada pelo ator Bruce Gowslevsky, e Uzyna Uzona, cia teatral comandada por José Celso Martinez Corrêa, onde participou do elenco principal por dois anos.

Multifacetado, o artista participou de vários trabalhos como “Terra Comunal – Marina Abramovic + MAI”, em São Paulo, 2015; três anos depois, na Bélgica, fez parte da apresentação “Melting Pot”, de Marco Torrice, no Pink Screems Festival. Em 2019, apresentou outros trabalhos na Alemanha e na Espanha. Voltou ao Brasil, onde fez parte, juntamente com o Coletivo Legítima Defesa, da criação de Neo Muyanga, para a 34ª Bienal de São Paulo, em 2020. E, no ano passado, retornou à Bélgica para apresentar nova rodada de “Melting Pot”, com residências em Kunstz, Les Brigittines, KAAP Studio e espaço no line up do Festival @DANSAND!

Na TV, esteve na série “Carcereiros”, da TV Globo e da Globoplay, em 2018. Inclusive, no episódio “Semente Exterminadora”, foi o protagonista da trama. No cinema, figurou no elenco do longa “O Homem Cordial”, de 2019, com direção de Iberê Carvalho.  

Sobre a série “Santo”

Criada por Carlos López, a série também tem no elenco Bruno Gagliasso, Raúl Arévalo, Victória Guerra, Greta Fernández, María Vázquez e Daniel Horvarth. “Santo” é o primeiro trabalho artístico de Luiz Felipe Lucas para um público tão amplo. O espaço de tempo entre o convite para estar no elenco e o início das gravações, foi muito pouco e por isso o artista precisou se preparar através da observação. “Procurei tudo sobre perseguições aos maiores criminosos do mundo. E fiquei atento aos detetives, à forma como falavam, de que jeito desvendavam os crimes e como alcançavam seus resultados”, conta.

Foto: Manolo Pavón/Netflix

As gravações aconteceram entre maio e agosto de 2021, na Espanha e no Brasil. “Santo” é um terror policial que mistura intriga e ação. O mistério a ser desvendado, vira missão para os policiais federais, Ernesto Cardona (Bruno Gagliasso) e Miguel Millán (Raúl Arévalo), opostos dentro da corporação, com a obrigação de unirem forças.

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Como braço direito de Cardona e seu parceiro direto nas diligências, está Paulo (Luiz Felipe Lucas). Paulo é delegado da PF e, muitas vezes exerce o papel de contraponto da sua dupla. Cardona tem o temperamento explosivo. Paulo é racional, sensato, cria da periferia e conhecedor cotidiano como ele é. O delegado sabe que, de fato, existem dois lados diferentes da moeda. No desempenho das investigações, os dois se complementam e, é essa sintonia que, de acordo com Luiz Felipe, vai fazer com que os personagens caiam no gosto do público.

Marina Lopes

Marina Lopes

Marina Lopes é jornalista e escritora juiz-forana, apaixonada pela palavra e por contar histórias através dela.

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