O setor de planos de saúde no Brasil registrou um lucro líquido de R$ 11,1 bilhões em 2024, representando um aumento de 271% em relação a 2023, conforme dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Este crescimento significativo é atribuído a reajustes das mensalidades acima da inflação do setor e a estratégias de reorganização financeira adotadas pelas operadoras, especialmente as de grande porte.
As operadoras médico-hospitalares de grande porte foram responsáveis por R$ 9,2 bilhões do lucro total, revertendo prejuízos anteriores. Este desempenho positivo também se deve à redução da sinistralidade, que atingiu 82,2% no último trimestre de 2024, o menor índice para o período desde 2018. A sinistralidade mede a proporção da receita utilizada em despesas assistenciais, indicando que as operadoras direcionaram 82,2% das receitas para custear serviços médicos, sobrando 17,8% como margem de lucro.
Para os consumidores, o aumento expressivo dos lucros das operadoras reflete diretamente no custo dos planos de saúde. Os reajustes das mensalidades, superiores à inflação do setor, oneram os beneficiários, que precisam arcar com valores mais elevados para manter a cobertura assistencial. Essa elevação nos preços pode dificultar o acesso de parte da população aos serviços de saúde suplementar, levando alguns a reconsiderarem a manutenção de seus planos.
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Além dos reajustes, a redução na utilização de serviços médicos e hospitalares por parte dos beneficiários contribuiu para o aumento das margens de lucro das operadoras. Fatores como a digitalização dos atendimentos, com a ampliação das consultas por telemedicina e o uso de tecnologias que otimizam custos, como a inteligência artificial para triagem de pacientes, reduziram a necessidade de atendimentos presenciais e diminuíram despesas com exames e internações.
Apesar do crescimento financeiro das operadoras, houve uma redução no número de beneficiários em algumas categorias de planos, especialmente os individuais e familiares, devido ao aumento dos preços. Muitas pessoas enfrentaram dificuldades para manter os pagamentos e optaram por cancelar seus planos ou migrar para opções mais acessíveis. Esse cenário ressalta a necessidade de um equilíbrio entre a sustentabilidade financeira das operadoras e a garantia de acesso dos consumidores aos serviços de saúde suplementar.