Em meio à tragédia causada pelas chuvas intensas que atingiram comunidades em São Sebastião, litoral Norte de São Paulo, o Procon Municipal foi acionado para averiguar os preços “abusivos” nos mercados. A tragédia do último final de semana levou não apenas a vida de 48 pessoas, como deixou centenas de habitantes desalojados e sem abrigo, segundo o Governo do Estado.
Além da falta de comida e remédio, empresas que comercializam produtos de primeira necessidade como água, arroz e feijão têm lucrado com os vestígios da tragédia que destruiu áreas da Costa Sul, região mais devastada pela catástrofe.
Na última quarta-feira (22), a Prefeitura de São Sebastião (SP) acompanhou o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) em inspeções realizadas nos pontos de venda de alimentos e insumos de utilidade básica.
O Órgão foi acionado após inúmeras queixas de moradores, que relataram aos portais de notícia os preços de produtos de sobrevivência, os quais ultrapassaram a faixa de R$90. Um litro de água chegou a ser vendido por R$93 Na ocasião, parte das pessoas se veem com uma única alternativa de consumirem água e ultraprocessados, pelo baixo custo.
Uma moradora disse que, além da inflação nos produtos, existe ainda a dificuldade em encontrar mercados e demais estabelecimentos. Ela conta ter encontrado somente um local em funcionamento na Barra Juquehy, e que fez uma compra de quatro fardos de água e dois salgadinhos que totalizou R$144.
Inspeções continuarão sendo realizadas pela região, segundo a Prefeitura. O diretor do Procon de São Sebastião informou que não há justificativas para a elevação dos preços, e que caso isso ocorra, o caso torna-se um prática abusiva, de acordo com o Artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor.
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Colaboração dos voluntários no litoral Norte
O voluntariado que atua no litoral Norte tem ganhado mais força desde o último domingo (19), segundo dia de chuvas intensas. Em São Sebastião, o corpo de voluntários está organizado e as famílias estão sendo recebidas com dignidade, segundo Lucas Schandler Ferri, jornalista e idealizador do portal independente Luneta.
Ferri mencionou que as doações superam as expectativas, e que a ação tem um resultado positivo. A atuação ocorre em uma escola, onde pessoas desabrigadas e que receberam ordem de evacuação estão sendo amparadas. A organização já recebeu toneladas de suprimentos (comida, água, roupa).
Como voluntário, ele conta que na medida em que as pessoas chegam aos alojamentos elas passam por uma espécie de triagem, onde informações são coletadas e as pessoas são direcionadas para os quartos, onde recebem comida, camas para repouso, banho, etc.
“O corpo de voluntários está uma coisa linda de se ver, mostrando que a coletividade é totalmente possível, e pensar que a forma de organizar a sociedade também, que poderia ser assim sempre, todo mundo se ajudando”, declara.
Outra área do prédio foi ocupada pelo Grupo de Resgate de Animais em Desastre (GRAD), uma ONG que atua em diferentes estados do país. A GRAD está acolhendo os animais encontrados no desastre, principalmente filhotes. Todos estão recebendo cuidados como vacinação e alimentação adequada.
O jornalista viajou a São Sebastião durante o feriado de Carnaval para visitar a família. Ele contou ao Notícia Preta que a casa da família ficou alagada, e que o quintal da casa, embora seja “enorme”, foi submerso pela água.
“No quintal, encheu de água na altura do joelho. O cenário era horrível, era o carro jogado no meio da rua, aberto, com a luz acesa… Era o fim do mundo”, relatou.
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