Justiça do Pará registra quatro casos de injúria racial por dia

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Racismo tem efeitos tóxicos no organismo, aponta estudo

No ano de 2020 já foram mais de 200 casos registrados

Racismo tem efeitos tóxicos no organismo, aponta estudo

Um levantamento do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) mostra que, somente nos dia primeiros meses deste ano, 259 casos envolvendo questões de discriminação étnico-raciais já chegaram na justiça paraense. Ainda segundo o TJ, nós últimos quatro anos, o número de denúncias de injúria racial cresceu 35%, totalizando cerca de 7800 processos.

Casos frequentes

Helena Rocha é professora em uma instituição centenária no estado e, segundo ela, se acha “imune ao racismo” devido sua formação e colocação. “Achei que eu tinha um escudo, uma blindagem, já que tenho curso superior, pós-graduação, ocupo cargo de gestão, sou professora em uma instituição conceituada. Achei que isso nunca ia acontecer comigo”, afirma a professora.

Helena foi vítima de injúria racial no ano de 2010 e o autor foi um colega de trabalho que foi condenado, em 2015, a pagar uma multa de R$ 10 mil Reais.

Ainda de acordo com a professora, os efeitos do racismo são devastadores e, em muitos casos, são irreparáveis para a vítima. “Passei por depressão, um adoecimento mental esses anos todos por conta do impacto disso”. Helena foi xingada de “preta feia” pelo professor, em uma sala de aula.

Criminalização

Segundo a advogada Darlah Farias, a criminalização do racismo e da injúria racial é uma conquista de décadas, mas, ainda assim, a reeducação da sociedade é extremamente necessária. “A criminalização do racismo é um marco, mas isso precisa ser muito maior. Não adianta apenas a criminalização, porque a gente não quer que as pessoas sejam apenas criminosas. A gente quer uma reeducação racial na sociedade”, defendeu.

Conscientização

Darlah Farias ressalta que o aumento dos processos na justiça é motivo de comemoração, uma vez que as pessoas estão se conscientizando mais sobre as questões raciais, mas os casos ainda são subnotificados. “A gente consegue entender que as pessoas estão começando a ter consciência da sua negritude e, principalmente, das violências que estão sofrendo. É muito importante, mas isso não indica o total de violências que a população sofre”, finalizou.

Igor Rocha

Igor Rocha

Igor Rocha é jornalista, nascido e criado no Cantinho do Céu, com ampla experiência em assessoria de comunicação, produtor de conteúdo e social media.

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