Enquanto 55ª edição do São Paulo Fashion Week acontece principalmente entre Mooca e Lapa, a grife Isaac Silva apresentou sua nova coleção “Banho de Axé”, levando a passarela para a Ocupação 9 de Julho, prédio ocupado pelo Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC) em um desfile protesto repleto de famosos.
A coleção “Banho de Axé” nasce para reverberar o mantra do refrão do som da cantora Luedji Luna, “Banho de Folhas” que diz: “com um punhado de folhas sagradas, para curar, para afastar o mal”, a partir de estampas baseadas na obra da artista plástica Heloísa Ariadne, inspirando assim a coleção e criticando o preconceito contra religiões de matriz africana.
Em homenagem ao trabalho de Carmen Silva, liderança do Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC), a localização também foi pensada a dedo, pois imprime o discurso de uma nova moda que já passou do tempo de estar sob os holofotes das tendências do mercado.
O elenco do desfile foi escolhido a dedo e contou com amigos de Isa Silva, como Luedji, Manoel Soares, os ex-BBBs Fred Nicácio, Tina Calamba, Gabriel Santana, a cantora e apresentadora Jojo Todynho, a modelo Rita Carreira, a drag queen e rainha da noite paulistana Marcia Pantera e também com moradores da ocupação.
Luedji quem iniciou o desfile coberta com folhas de arruda e minutos depois, foi a vez de um encontro explosivo, entre Fred Nicácio e Jojo Todynho que trocaram cumprimentos e o ex-BBB exibiu seu catwalk jogando arruda e muito axé nos convidados.
As criações convidam o público a repensar o que veste. “É bom se banhar em ervas, rezar, pedir e agradecer, Mas, depois disso, com quais roupas cobrimos este corpo?” questiona Isa, que explica que a coleção é justamente uma celebração do fazer roupa de uma maneira ecologicamente consciente e humanizada.
Outro ponto marcante do desfile, foi que todos os envolvidos são moradores da Ocupação 9 de Julho ou integram o movimento e além de amigos de Isa, esses rostos conhecidos, também são clientes da marca que vestem as pautas que a estilista defende, tanto no pessoal quanto para a indústria, desde a cadeia de produção ética e sustentável até o significado do vestir enquanto manifestação política e, por que não, espiritual.
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