Instituto Odara lança dossiê sobre a letalidade policial contra crianças negras na Bahia

Foto-Jamile-Novaes.jpg

O Odara – Instituto da Mulher Negra torna público o documento “Quem vai contar os corpos?”: Dossiê sobre as mortes de crianças negras como consequência da atuação da Polícia Militar da Bahia. Produzido a partir da atuação do projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, o dossiê apresenta histórias reais e dados sobre mortes de crianças e adolescentes em consequência de operações policiais na Bahia durante os últimos 13 anos.

“O objetivo é demonstrar o quanto a violência policial tem crescido e atingido de maneira letal as nossas crianças. É um documento que faz cair por terra o argumento mobilizado pelas polícias para justificar a morte dos jovens nos nossos territórios, uma vez que os agentes de segurança pública associam a imagem das vítimas ao envolvimento com o comércio ilegal de drogas”, explica Lorena Pacheco, advogada e assessora jurídica do projeto.

O dossiê está disponível em Inglês e espanhol – Foto: Jamile Santana

O dossiê apresenta as história de Mirella do Carmo BarretoMicael Silva MenezesGeovanna Nogueira e Joel Conceição Castro, traz dados sobre violência e letalidade policial na Bahia e no Brasil, aborda os impactos das mortes para as famílias das vítimas e apresenta uma série de recomendações para promover a reparação e Bem Viver para a população negra.

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 83% das vítimas de letalidade policial no Brasil em 2022 eram negras e 76% tinham entre 12 e 29 anos. “O genocídio antinegro atinge especificamente a juventude porque é nessas pessoas que está concentrado o vigor físico, o vigor de trabalho, reprodutivo. Quando atinge a juventude, se coloca em risco a continuidade do nosso povo como um todo”, afirma Daiane Ribeiro, também advogada e assessora jurídica do projeto.

O dossiê “Quem vai contar os corpos?” já está disponível para leitura e download no site do Odara – Instituto da Mulher Negra, com versões em português, espanhol e inglês. Para acesso, clique aqui.

A expressão “Quem vai contar os corpos?”, assim como outros versos que aparecem ao longo do documento, fazem referência à música “Cabô”, da cantora e compositora Ludeji Luna.

Leia também: “A velha impressão que o Nordeste é a região mais atrasada”, diz historiador sobre estereótipos na teledramaturgia

Sobre o projeto

O projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar foi criado em 2014 e atua no apoio, articulação, fortalecimento e diálogo com as mães de jovens assassinados em decorrência da violência; sensibilização com adolescentes e jovens sobre violência policial, direitos humanos e construção de uma cultura de paz, através de oficinas ministradas nas escolas da rede pública de Salvador; e assessoria jurídica voltada às mulheres negras mães e familiares dos jovens assassinados e à atuação nos processos criminais decorrentes destes homicídios.

Deixe uma resposta

scroll to top