Greve na USP: “alunos estão atrasando formaturas por falta de professores”, diz estudante

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Ato dos estudantes da USP

Thiago Torres conhecido como Chavoso, estudante de ciências sociais na Universidade de São Paulo (USP), palestrante nas escolas públicas e influenciador digital, revelou que “alunos estão atrasando formaturas por falta de professores” . Em exclusiva ao Notícia Preta nesta segunda-feira (2), o estudante também analisou o apoio dos professores que aderiram a greve dos alunos.

A greve que se iniciou pelos alunos da USP tem como principais reivindicações a contratação de mais professores e aumento das bolsas que ajudam na permanência de alunos, na universidade. A greve começou no dia 21/09 na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), e ganhou adesão de outras unidades, e até de professores. Foram feitas duas reuniões entre a reitoria e estudantes, mas não houve avanços.

Em meio a greve, a reitoria emitiu comunicado informando que das 641 vagas, 238 professores já haviam sido contratados, ou seja, 37% das vagas. Thiago Torres explicou o impacto disto no cotidiano dos alunos.

A falta de professores tem impedido a realização de várias disciplinas em vários cursos, tanto optativas quanto obrigatórias. Muitos alunos estão atrasando suas formaturas por não terem professores para as matérias que eles precisam fazer“, disse Chavoso.

São Paulo (SP), 21/09/2023 - Ato dos estudantes da Universiadde de São Paulo - USP em frente a reitoria durante a reunião de negociação da greve. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Estudantes em ato que marcou o início da greve na USP – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil.

Quanto a reivindicação de ampliação e reformulação do programa de bolsas de auxilio permanência para os alunos, a reitoria havia se pronunciado afirmando já ter ampliado em 60% o auxílio. Mas Chavoso analisa que os valores continuam risíveis, apesar do aumento, e explica o motivo.

Aumentaram de R$ 400 pra R$ 500; quem consegue permanecer estudando em uma universidade que exige tanta dedicação nossa com apenas R$ 500, na cidade de São Paulo? Com esse auxílio, os alunos precisam trabalhar do mesmo jeito“, afirmou Thiago.

Em nota enviada ao Notícia Preta na última semana, a reitoria da USP afirmou que “recebeu uma comissão de 11 estudantes, representantes de entidades estudantis de Escolas e Faculdades da USP, para dialogar sobre as reivindicações. A conversa transcorreu em um ambiente de respeito e se estendeu por quase duas horas“.

A conversa foi entre o grupo estudantil e a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda. “O grupo estudantil apresentou 12 reivindicações, distribuídas em cinco eixos: contratação de docentes, permanência, Escola de Artes, Ciências e Humanidades (USP Leste), acesso indígena na USP e democracia universitária. A contratação de docentes, o primeiro ponto da pauta, já começou a ser debatida na mesa, mas ainda sem conclusão. A próxima reunião ficou marcada para a próxima quarta-feira, dia 4 de outubro“, disse em nota.

Os diretores e diretoras das escolas e faculdades da USP se manifestaram, em uma carta aberta, na última sexta-feira (29), em defesa da Universidade.

Chavoso denuncia também a situação que a moradia estudantil tem passado.”O CRUSP, moradia estudantil, está em péssimas condições; moradores dos blocos D, K e L foram expulsos e uma base da Polícia Militar foi instalada ao lado destes dois últimos, tendo servido apenas para oprimir estudantes“, disse Chavoso.

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Apoio

Na última quarta-feira (27), uma semana depois de iniciar a greve, a Associação dos Docentes da USP decidiu apoiar a greve dos estudantes. Chavoso acredita que é fundamental que os professores apoiem a greve, pois segundo ele, os alunos estão lutando por melhores condições de trabalho para os professores também.

Muitos dos professores que temos na USP estão contratados temporariamente e ganhando relativamente pouco (levando em consideração que são doutores). Porém, há muitos professores que estão contra a greve“, afirmou o estudante.

O estudante e palestrante acredita que, “conhecendo os professores da USP, talvez haja mais docentes contrários à greve do que a favor. O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) também lembram a necessidade de mais contratações de funcionários na USP”, disse ele.

Além de apoiar a greve dos alunos o Sintusp anunciou paralisação no dia 03/10 em unidade com as paralisações dos trabalhadores do metrô, da CPTM e da SABESP, contra as privatizações do governo Tarcísio de Freitas.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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