“Eu fui me preocupando mais com o letramento racial”, diz Preta Gil em entrevista

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Durante o programa ‘De Frente com Blogueirinha’, nesta segunda-feira (16), a cantora e empresária Preta Gil relembrou um episódio que aconteceu em 2017, que a fez refletir sobre a questão racial. Em um evento chamado “Mulher com a palavra”, com várias mulheres negras, em Salvador (BA), a artista usou termos que foram bastante criticados.

Eu, que sou uma típica mulata brasileira” e “Não, não ligo pras pessoas que ficam me denegrindo“, foram frases ditas por Preta, que levaram o público a começar a vaiar e questionar o preparo da artista. De acordo com Preta Gil, o momento serviu para ajudá-la a se atentar mais sobre o assunto.

Eu fui me observando e me preocupando mais com essa questão do letramento racial, que hoje é um assunto que muita gente busca, as empresas também, e que é importante a gente falar. Eu gosto de usar esse exemplo, porque as pessoas pensam: ‘Ah, Preta Gil, filha do Gilberto Gil, ela já nasceu letrada’. Não, a gente não nasceu letrada“, disse durante a entrevista.

Preta afirma que depois do episódio, ela ligou para Taís Araújo, que a ajudou criando um grupo chamado “Potências Negras”, que a princípio teria várias mulheres negras para explicar mais sobre o assunto. “O grupo existe até hoje“, contou Preta, mas sem Taís, que segundo ela, saiu por conta da quantidade de demandas que ele tem. Atualmente, quase 3 mil pessoas fazem parte do grupo, que é comandado por Maíra Azevedo, conhecida como Tia Má.

Durante o programa ‘De Frente com Blogueirinha’, nesta segunda-feira (16), Preta falou sobre vários aspectos da sua vida pessoal e profissional /Foto: Reprodução Youtube

A artista afirma que sua falta de letramento racial aconteceu por uma questão geracional. “Eu nasci quando acabou o regime militar, nessa abertura. Eu sou dessa geração dos anos 80, que necessitava de uma alienação para acabar com o sofrimento dos anos de terror com a ditadura militar“, disse a artista, que continuou:

Nos anos 90 ninguém falava sobre racismo, início dos anos 2000 quando eu comecei minha carreira eu fui levantando várias bandeiras que eu nem sabia que existiam, mas que pela minha própria existência eu fui levantando como gordofobia, racismo, homofobia. Tudo isso eu falava naturalmente, e só depois eu fui entender isso da questão da representatividade, conforme eu fui me encontrando com pessoas que me diziam ‘você disse algo que me inspirou‘”, relatou.

Mais detalhes sobre sua vida

Preta Gil também falou durante a entrevista sobre vários acontecimentos recentes de sua vida como seu processo de tratamento após receber o diagnóstico do câncer em janeiro, e sobre a traição do seu ex-marido Rodrigo Godoy, com a ex-stylist da cantora, Ingrid Lima.

Ao longo do bate-papo, Preta revelou que foi traída por 7 meses, mas que terminou o casamento antes de saber do caso entre os dois. “Eu tinha uma relação de muita confiança com ele, então não desconfiava“, disse.

A entrevista foi ao ar nesta segunda-feira (16), no Youtube.

Além disso, a cantora destacou a falta de cuidados que o ex-marido teve com ela enquanto estava em tratamento intensivo.

A coisa mais grave de todas que é o momento do meu diagnóstico. Cara, de boa, está apaixonadão? Fala para ela: ‘Gata, querida, vamos dar um tempo, porque minha mulher, com quem estou casado enquanto tenho um caso com você, está doente em casa fazendo um tratamento oncológico’. Essa é uma opção, dá uma afastada, termina, e aí faz um tratamento, cuida da sua mulher, depois você pode conversar com sua mulher, se entender com ela ou separar”, disse ela, que ainda completou:

Ele não cuidou, faço questão de falar isso porque é a realidade de várias mulheres do Brasil. Ele me abandonou“, desabafou.

Leia também: “Não consigo aceitar”, diz Preta Gil em desabafo sobre traição

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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