“Fui chamado de macaco”, denuncia delegado após ataque racista

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O crime aconteceu na lanchonete Mc Donald’s em Brasília

O delegado estava na lanchonete com sua filha. Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

O delegado da Policia Civil do Distrito Federal, Ricardo Viana, foi vítima de ofensa racista na unidade do McDonald’s do Lago Sul, em Brasília. O delegado estava na companhia da filha de 15 anos, quando o agressor o empurrou e começou com os insultos. O crime aconteceu na noite da última sexta-feira (07).

“Falou que iria me pegar, me chamou de macaco e viado. Arremessou um pé de sua chinela em minha direção”, afirmou o delegado em entrevista ao jornal Metrópoles.

O acusado pelo crime é um ex-estudante de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB) morador da Lagoa Sul, bairro nobre da capital federal do Brasil. Preso, o homem identificado como o agressor vai responder por injúria racial, pela ofensa racista; injúria, pela ofensa de cunho homofóbico; vias de fato por ter agredido fisicamente o delegado; além de porte de entorpecente, por ter sido encontrado com maconha.

Em nota divulgada para a imprensa local a franquia McDonald’s lamentou a violência, afirmando que estaria à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. O Conselho de Defesa dos Direitos do Negro do Distrito Federal (CDDN-DF) se manifestou através de nota prestando solidariedade ao delegado Ricardo Viana e relembrando casos recentes de racismo, como o do motoboy Matheus Pires, em São Paulo.

“Diante do fato ocorrido, nós, do Conselho de Defesa dos Direitos do Negro, por meio desta nota, nos solidarizamos com Dr Ricardo, vítima em nossa cidade, de injúria racial e nos colocamos à disposição para assistir no que for preciso, de modo que a situação não fique impune, e tomarmos as devidas ações e medidas cabíveis para a punição desse crime, bem como nos solidarizamos com o  Matheus Pires, que também foi vítima no mesmo dia em Valinhos/ SP e o também entregador Matheus Fernandes, de 18 anos, por ter sido confundido com um ladrão dentro de um shopping na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio”, diz trecho da manifestação.

Também através de nota, a Ordem dos Advogados Seccional do Distrito Federal (OAB-DF) repudiou o ato e afirma que:“O silêncio e a conivência encorajam esse tipo de crime. Chega! É preciso união e conscientização contra tais atos bárbaros, de modo a extirpar o racismo da sociedade.”

Confira a nota de repúdio e solidariedade da OAB-DF.

A Seccional DF está de portas abertas para prestar todo o auxílio necessário ao Dr. Ricardo Viana. A OAB-DF repudia qualquer ato discriminatório desta espécie, ou de qualquer natureza. Ontem, poderia ter sido um dia atípico, diante dos estarrecedores casos de racismo que vimos ganhar espaço na mídia, mas não foi. Infelizmente, foi um dia como qualquer outro em que ficou expresso que o absurdo perdeu a vergonha.
A exclusão racial, que é um fato desde o início do Terra Brasilis, agora está espetacularizada. Não adianta dizer que os casos aumentaram, pois, na verdade, só estão mais expostos. Isso quer dizer que os protagonistas do racismo acabam ganhando, a cada dia, mais coragem de mostrar a sua cara, sem qualquer constrangimento.
Essa exposição constante demonstra o quão terrível é a situação, e como todos que não são racistas e não compactuam com tal prática criminosa devem erguer suas vozes. É imperioso sairmos das redes, das hashtags, e partirmos para ação, para a contenção deste crime que mata e exclui.
O silêncio e a conivência encorajam esse tipo de crime. Chega! É preciso união e conscientização contra tais atos bárbaros, de modo a extirpar o racismo da sociedade. Não há saída rápida e nem fácil. É preciso olhar para o futuro e educar a sociedade, mas, sobretudo, conter, desde já, a prática racista, especialmente, com as consequências jurídicas cabíveis, após devido processo legal.

Josefina Serra dos Santos, Presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/DF. Délio Lins e Silva Jr, presidente da OAB-DF

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