Famílias das vítimas do incêndio no CT do Flamengo cogitam revisão de acordo

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Após declarações engenheiro José Augusto Bezerra dadas ao portal UOL, famílias das vitimas do incêndio no Centro de treinamento do Flamengo, estudam pedido de revisão de acordo indenizatório.

Bezerra disse em exclusiva ao UOL,  que Reinaldo Belotti, CEO do Flamengo, mandou um funcionário arrancar partes de uma instalação elétrica problemática enquanto a apuração das causas do acidente ainda estava sendo feita. As representantes legais das famílias de Pablo Henrique e Jorge Eduardo avaliam o pedido de revisão.

CT do Flamengo após incêndio que matou 10 meninos – Foto: Globo Esporte

“Estamos avaliando a possibilidade de anular o acordo realizado visto que foi feito com base em erro. Para aceitá-lo, foi analisado todos os fatos e, tendo eles sido adulterados, levaram a família ao erro”, diz Mariju Maciel, advogada da família de Pablo Henrique ao portal UOL.

Já Paula Wollf, advogada da família de Jorge Eduardo, disse que “diante do que está sendo vinculado, estamos avaliando se isso pode gerar ou não algum impacto. O acordo foi fechado em um cenário e, agora, pode se mostrar outro, caso tudo seja comprovado”. afirma também ao Portal.

“No acordo feito, isso não vai causar impacto, mas isso não nos impede de estarmos nos habilitando no processo crime para acompanhar isso mais de perto, e também buscarmos uma decisão junto à Justiça criminal. Na questão criminal ainda há o que se fazer, principalmente diante desta declaração”. Gislaine Nunes, advogada da mãe de Rykelmo.

Thiago d’Ivanenko, advogado das famílias de Bernardo Pisetta e do Vítor Isaias, disse somente que está acompanhando os desdobramentos do caso.

De acordo com a UOL, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que defendeu a família de Samuel, acredita que as denúncias devem ser investigadas, mas não vão impactar na atuação da instituição no caso.

O Flamengo fechou 10 acordos em 11 negociações, o mais recente foi em dezembro de 2021, com Rosana, mãe de Rykelmo. A família de Christian Esmério permanece em uma briga judicial com o Flamengo e foi a única a não conseguir fechar um acordo.

Em nota, o  Flamengo, através do Conselho Diretor, rebateu as acusações que classificou de inverídicas.

“A assertiva desse senhor, portanto, não se sustenta e dará espaço a novo processo criminal e cível contra ele. O Flamengo não tem nada a esconder, muito ao contrário, sempre colaborou com as autoridades, sempre atendeu às famílias e entende que essa é uma história que deve ser analisada e julgada pelas autoridades”.

O clube alegou também que “a Polícia Civil confirmou que a perícia do local já estava encerrada, uma vez que a coleta das provas foi concluída no mesmo dia 08.02.2019, o que torna a acusação do Sr. José Augusto Bezerra ilógica, pois ninguém adulteraria uma cena de incêndio que já estava devidamente periciada”.

Após a denúncia, o perito legista Nelson Massini achou estranho as informações da Polícia Civil de que a perícia fez os registros necessários no dia do incidente, em 8 de fevereiro de 2019. O Flamengo também afirma que os elementos para a perícia foram colhidos no mesmo dia.

A UOL apurou que, apesar de oficialmente, a polícia dizer que terminou a perícia no mesmo dia, ainda haviam peritos no local após a data. Um exemplo disso foi a reportagem feita no dia 14 de fevereiro, que mostrou que o trabalho de investigação continuou no CT.

Leia também: Engenheiro acusa Flamengo de adulterar cena de incêndio que matou dez meninos

Em um depoimento à CPI dos Incêndios, no dia 7 de fevereiro de 2020,  o perito Victor Sátiro, um dos responsáveis pelo laudo oficial, afirmou que a equipe “ficou uns 15 a 20 dias no local trabalhando em seis pessoas”, tendo assim mais uma evidência de que a pericia não teria terminado no mesmo dia.

Marina Lopes

Marina Lopes

Marina Lopes é jornalista e escritora juiz-forana, apaixonada pela palavra e por contar histórias através dela.

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