Estudo mostra como o racismo prejudica o desenvolvimento de crianças negras

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A pesquisa Racismo, Educação Infantil e Desenvolvimento na Primeira Infância, realizada pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI), mostrou que as crianças negras são as primeiras a sentir os efeitos do racismo e a educação infantil pode ter um impacto importante sobre isso.

Para contribuir com a adoção de políticas públicas afirmativas de combate à discriminação racial, o estudo dissemina conhecimento científico sobre os efeitos do racismo estrutural no desenvolvimento das crianças negras em seus primeiros seis anos de vida. O estudo, coordenado por Lucimar Dias, pedagoga e Professora Associada da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mostra que a educação infantil é um dos primeiros e mais importantes ambientes de socialização da criança e é nesse espaço que ocorrem as interações sociais que impactam diretamente o desenvolvimento dos pequenos.

“Quando a criança passa por uma situação racista, ela pode construir um sentimento de desvalorização, de rejeição da própria imagem, de inibição e dificuldade de confiar em si mesma. Isso afeta, inclusive, no seu processo de socialização”, explica Lucimar.

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Ainda de acordo com Lucimar, o racismo traz implicações negativas para a saúde mental de crianças e adolescentes, como maior incidência de sintomas de ansiedade e depressão. “Também não podemos deixar de elencar outra consequência dessa discriminação: o estresse tóxico. Essa situação pode interromper o desenvolvimento saudável do cérebro e de outros sistemas do corpo, aumentando o risco de uma série de doenças”, comenta a pesquisadora.

A pesquisadora ressalta ainda que, no Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNE), instituem a obrigatoriedade da inserção da cultura afro-brasileira e africana nos currículos e incluem a educação das relações étnico-raciais. “Essas normativas ajudam a combater o racismo nas interações sociais das crianças e ajudam na construção de identidade negra”, conclui.

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