“Conhecimento, união, compaixão e empatia são elementos para que deixemos de normalizar o racismo tão doloroso para os negros deste país”. Essa frase orienta o pensamento de Lívia Marques, psicóloga organizacional e clínica com foco em Terapia Cognitiva Comportamental.
Com mais de 10 anos de experiência nessa área, Lívia explica que o preconceito racial na sociedade brasileira existe desde a chegada do primeiro negro no país. ” Pensar que temos uma estrutura opressora mantida por uma minoria é um soco no estômago. Qualquer um entende e se sente oprimido”.
Mas pensar em medidas para que essa barreira seja ultrapassada é dever de toda a sociedade, na opinião da psicóloga. ” Validar o racismo é ver algo acontecer com o negro e se calar. Podemos e devemos fazer algo diferente, sem ocupar o espaço de fala do negro, mas levar esclarecimento e não minimizar essa dor.” pontua a especialista.
Lívia também destaca como o racismo estrutural impõe padrões na sociedade. ” Esse racismo promove a exclusão e a impossibilidade do lugar de fala do negro em muitas situações. Mas hoje vemos a quebra dessas barreiras, onde os negros têm tomado posse aos poucos do seu espaço.”
A seguir duas questões que reforçam a importância de colocar o racismo em constante debate na sociedade:
NP: O racismo está mais evidente hoje?
Lívia: Parece que hoje o racismo tomou uma proporção maior, mas na verdade ele está sendo mais debatido e muito mais propagado. O racismo impacta de forma negativa o psicológico dos negros e quando falamos de mulheres negras ainda podemos falar da hiperssexualização dos corpos femininos negros.
NP: Como reagir se for vítima de racismo?
Lívia: O ideal é fazer a denúncia, porque racismo é crime e deve ser realmente combatido. Sempre digo que quando nos deparamos com vítimas de racismo precisamos validar a dor e fala dessa pessoa, além de acolhê-la neste momento.