Educafro entra com ação contra a Gol por “danos morais coletivos” por caso de mulher negra expulsa de voo

Design-sem-nome-12-1.png

Nesta terça-feira (02) a Educafro entrou com uma ação civil pública contra a Gol Linhas Aéreas, por conta da expulsão de uma mulher negra de um voo da empresa, após ela se recusar a despachar a mochila com um notebook dentro, na última sexta-feira (28). De acordo com a fundação, a medida foi tomada por entenderem que “a empresa-ré instituiu um ambiente hostil, com treinamento e liderança pautados pelo racismo estrutural”.

Na ação em que a Educafro pede uma indenização de R$ 50 milhões por dano moral coletivo, a fundação também indica que por conta disso, o procedimento da empresa pode “constituir risco para a sociedade – acarreta risco pessoal para os próprios profissionais por ela arregimentado, desestimula e oprime o pequeno percentual de empregados negros da GOL e projeta internamente uma autopercepção geral de desvalor geral para esses profissionais”, diz a Educafro.

A ação civil pública foi movida após a repercussão do caso. /Foto: Reprodução GoogleMaps e Redes Sociais

Também é solicitado na ação pública que a presidência da empresa seja alterada, pois segundo a fundação essa mudança é essencial para que “a empresa requerida possa incorporar visões e saberes dotados da mesma diversidade que se procura ver realizada na vida da corporação”. Também foi pedido que a empresa adote políticas de enfrentamento ao racismo por meio da educação, e institucionalização de procedimentos.

A medida foi tomada após um vídeo da professora Samantha Vitena que viralizou, em que ela aparece questionando, ainda dentro do avião, a sua expulsão do voo, que foi feita por três homens da Polícia Federal. No vídeo Samantha ainda afirma que ao ser retirada da aeronave, ninguém explicou a ela por qual motivo teria sido abordada, já que no momento que os agentes chegaram, a passageira já havia colocado sua mochila em um dos compartimentos.

O caso causou bastante indignação, e o advogado da vítima afirmou que viu racismo estrutural no caso, o que também foi apontado pelo público, nas redes sociais. Em entrevista ao Programa Bahia Meio Dia, da TV Bahia, Samantha Vitena, afirmou que a Justiça vai dizer se o caso foi ou não racismo, mas questiona se uma pessoa diferente teria passado pela mesma situação.

“Eu acredito que isso quem vai poder dizer é a Justiça, mas o que eu fico me questionando é isso, será que aconteceria com uma pessoa diferente de mim? No mesmo voo, a jornalista Elane foi testemunha, com uma outra passageira, o tratamento foi diferente”, disse a professora.

A companhia aérea informou que a mulher foi retirada do avião pois “não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas”, e em nota, disse que a medida foi tomada por “medida de segurança”.

Leia também: Dançarina denuncia caso de racismo em abordagem da PF em aeroporto de Rondônia

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

Deixe uma resposta

scroll to top