“Crescem casos de racismo e injúria racial em SP”, aponta levantamento

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Números de um levantamento do Ministério Público de São Paulo apontam crescimento de quase 400% dos casos de racismo e injúria racial de 2019 até 2021. Os dados são baseados no número de procedimentos instaurados para investigação de denúncias de injúria qualificada (de acordo com o Código Penal) e na Lei Antirracismo. O relatório aponta que em 2019, 23 inquéritos foram instaurados com base no artigo 140 do CP e 265 na Lei 7.716, totalizando 232 procedimentos.  

Casos de racismo e injúria racial crescem em SP. Foto: Agência Brasil

Já em 2021, os números registrados foram de 708 e 427, respectivamente, totalizando 1.135 processos, ou sejam um aumento de 389%. Desde 2021, uma decisão do Supremo Federal Tribunal (STF) concluiu que casos de racismo e injúria racial devem ter o mesmo tratamento jurídico. “A injuria racial é voltada a honra de um indivíduo, uma ofensa usando características de raça, etnia, opção religiosa. Já o racismo é o crime de viola a dignidade da pessoa humana, e via de regra, vai se manifestar em ações que ofendem a coletividade. É o ato de impedir uma pessoa de entrar em determinados espaços, negar a oportunidade de emprego, de fato barrar uma pessoa por elementos racistas.”, explicou o presidente da Comissão da Advocacia Negra da OAB/BA Jonata Wiliam em entrevista ao portal IG. 

Leia também: 61% das vítimas de racismo no trabalho não denunciam por medo, afirma pesquisa 

Vale destacar que em outro estudo divulgado recentemente pelo InfoJobs, empresa de tecnologia para recursos humanos trouxe o seguinte dado: 61% dos profissionais negros vítimas de racismo tiveram medo de denunciar e omitiram a situação. Nesse universo, 39% dos profissionais pretos e pardos já foram discriminados no trabalho por causa da cor da pele, 18% confrontaram a pessoa que cometeu o crime, 11% reportaram aos superiores e 10% compartilharam a situação com o RH ou outras pessoas. A pesquisa foi realizada com 1.567 pessoas.  

Ainda de acordo com esse levantamento, superiores como gerentes e supervisores, são os que mais cometem racismo no trabalho. Eles aparecem em 48% dos casos. Em seguida, estão os colegas da mesma posição hierárquica, com 28%, e os subordinados correspondem a 23%. “O preconceito começa nos processos seletivos e vai muito além. Já trabalhei em uma empresa que precisava de um depoimento público e ao invés de me chamarem para falar da operação que eu coordenava, preferiram chamar uma backoffice, branca, loira e de olhos claros, que estava há pouco menos de seis meses na empresa.”, conta Jefferson Silva, coordenador comercial do InfoJobs. 
 

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