Coletivo de pais discute paternidade negra

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Em 2018, o professor de inglês e afroempreendedor Humberto Baltar criou um grupo para discutir paternidade negra, após descobrir que seria pai.

“O coletivo ‘Pais Pretos Presentes’ surgiu de uma angústia minha. No dia em que eu descobri que ia ser pai – um dia antes do dia dos pais no ano passado – eu me vi sem saber como garantir a melhor criação possível para o meu filho” – relata o pai do pequeno Apolo, de quatro meses. 

O grupo surgiu por meio das redes sociais, a partir das discussões os integrantes decidiram reunir-se. O ‘Pais Pretos Presentes’ aborda temáticas sobre relacionamento com a esposa gestante, criação dos filhos, hábitos alimentares, empoderamento racial, dicas de brincadeiras, programações com outras crianças negras, entre outras. 

Humberto afirma que o objetivo do coletivo é a desconstrução dos pais pretos, formação e letramento racial, também a socialização, bate papo e atividades recreativas como o futebol de homens negros. 

Segundo o criador do grupo, esta discussão é necessária porque os homens negros precisam estar alinhados com os princípios ancestrais africanos de coletividade circularidade; para que possam aprender um com outro ao trocarem experiências sobre masculinidade e paternidade negra.  

“Crescemos em conjunto para contribuir com a comunidade. Percebi que a minha evolução como pai preto passa pela evolução de outros pais e pela minha dedicação a estes irmãos. Desde o nascimento do coletivo ‘Pais Pretos Presentes’, já fui acolhido e acolhi em tantas ocasiões que nem daria para citar. Somos constelação. Nosso esplendor é maior em conjunto. Isso é Ubuntu. Por isso é tão importante que eu discuta a paternidade negra com meus irmãos”. 

Um dos participantes, Thales Ramos, pai de um menino de 2 anos, fala sobre a importância de integrar o grupo.

“Estamos criando homens negros e a gente sabe que homens negros em uma sociedade racista como a nossa são alvos de violência a todo instante. A gente está criando mulheres negras, que estão na ponta da lança do preconceito. Então, estamos ali para trocar essa experiência e buscar, como a gente está nesse processo de resgate da nossa cultura, da nossa identidade. Eu acho importante estar no grupo por isso, porque ali a gente cata referência. Discute com o irmão, a gente abre as coisas para debate em uma visão nossa. Uma visão que infelizmente foi mutilada durante um tempo, mas que agora a gente está retomando”. 

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