Com menção honrosa, o chef Edson Leite, único brasileiro a estar entre os 10 finalistas do Basque Culinary Word Prize (BCCP) deste ano, foi um dos destaques da premiação com o projeto Gastronomia Periférica. Além dele, apenas um chef do Reino Unido foi destaque do júri, ambos por estar à frente de projetos com maior impacto sociocultural voltado à gastronomia.
“Receber uma menção especial de um prêmio internacional e ter um reconhecimento mundial do que fazemos nas periferias do Brasil com a nossa formação na Gastronomia Periférica, já é um dos melhores prêmios recebidos. Hoje, o mundo sabe o que fazemos e a importância de cada profissional de cozinha, onde a maioria são mulheres pretas e periféricas, para continuarmos construindo e transformando o nosso país”, contou Edson Leite.
Criado pelo Centro Culinário Basco e pelo Governo do País Basco para escolher chefs que estejam a frente de iniciativas que tenham um impacto positivo na sociedade, a premiação aconteceu nesta terça-feira (21), de forma online, e premiou a Chef Fatmata Binta, de Serra Leoa, com o valor de €100.000.
Quem é?
Cria do Jardim São Luiz, Zona Sul de São Paulo, Chefe Edson não tinha muitas perspectivas, visto que a falta de oportunidades e violência pareciam definir a vida dos jovens de sua região, que muitas vezes viam a criminalidade como a saída de suas condições precárias.
Sem saber exatamente o que buscava, além de melhores condições de vida, aos 23 anos, Edson decidiu mudar para Portugal. Ao chegar em Lisboa, foi contratado para trabalhar em um restaurante, iniciando seu contato com o mundo gastronômico. Sua função, no entanto, demorou a ser o de cozinhar.
Antes disso, passou por cargos como empregado de mesa e lavador de pratos, até ser escolhido para substituir algumas cozinheiras que haviam faltado ao trabalho. Desde então, passou a ascender profissionalmente, tornando-se subchefe de cozinha até alcançar o cargo de chefe propriamente dito. A partir daí, decidiu especializar-se, o que o fez matricular-se em diversos cursos.
Quando voltou ao Brasil, em 2012, Edson iniciou seus estudos em Assistência Social, o que o ajudou a trilhar o caminho que o traz aos dias de hoje. Há 10 anos, o chef une o que aprendeu em sua graduação às habilidades que desenvolveu no exterior, tendo como motor a vontade de atender jovens das periferias do país que, tendo condições semelhantes às suas quando saiu do Brasil, nascendo assim a Gastronomia Periférica (GP).
Gastronomia Periférica
Atualmente, o Gastronomia Periférica (GP) – negócio social fundado por Edson e a psicóloga Adélia Rodrigues, oferece cursos voltados ao aproveitamento total dos alimentos, no preparo de doces e salgados, assim como formação na área de bebidas, como café e cerveja – atinge jovens de todas as regiões do Brasil graças ao seu formato de ensino à distância.
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Durante os cursos, os alunos têm acesso não apenas às aulas, mas também a todo material necessário para aprenderem com a prática, o que inclui internet, alimentos, tutoria, etc., sem custo algum aos matriculados. O fato de que os trabalhos feitos nas periferias do país sejam tão deslocados do centro do debate nacional quanto a localização geográfica dessas regiões tornaria a premiação ainda mais impactante, já que impulsiona tanto o debate sobre a relação entre acesso à educação e transformação social, quanto a ação da própria Gastronomia Periférica.
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