Chamadas sobre taxa de desemprego no Brasil explicitam viés jornalístico

WhatsApp-Image-2024-04-30-at-11.20.03.jpeg

O jornal Folha de SP publicou uma matéria na manhã desta terça-feira (30) fazendo um comparativo do percentual de desempregados entre o final de 2023 e o primeiro trimestre de 2024. O texto é baseado na pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), no entanto, o comparativo destacado pelo veículo em sua chamada é entre o último trimestre de 2023 e o primeiro de 2024. 

Para o Mestre em Economia pela UFF e especialista em Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela UFRJ, Pedro Mattosinhos, a comparação feita não seguiu um comparativo econômico mais adequado.

Foto: Reprodução Site

“Comparam a taxa de desemprego do primeiro trimestre deste ano com a do último trimestre de 2023, sendo que recorrentemente a taxa no fim do ano é sempre mais baixa, visto a alocação dos trabalhadores temporários de fim de ano. Uma comparação entre esses dois períodos é como dizer que a venda de sorvetes caiu no inverno, quando comparado com o verão”, analisa. 

Mattosinhos reforça ainda que na matéria publicada no portal UOL, do mesmo grupo da Folha de SP, o texto faz a comparação mais oportuna, relacionando o primeiro trimestre de 2024 com o primeiro trimestre de 2023, dois cortes temporais mais adequados para comparação e que permitem uma avaliação mais fidedigna da realidade. “Economicamente, o mais adequado seria dessazonalizar esses dados ou apenas comparar os mesmos períodos temporais. Afinal, destacar a comparação entre dados de desemprego do início de ano com os dados do final do ano leva a conclusões falaciosas, e engana o público que só lê a chamada”, pontua o economista e empresário.

Ele finaliza enfatizando que o dado mais importante ficou em segundo plano, fazendo com que a sociedade em geral fizesse uma leitura errônea da pesquisa do IBGE. “O dado mais importante fica secundário. O fato é que a taxa de desemprego do primeiro trimestre veio abaixo das expectativas do mercado. A projeção era de 8,1%, mas a realidade veio de 7,9%, o que é uma diferença bastante significativa e mostra como os operadores do mercado financeiro estão subestimando os resultados da economia, assim como tem ocorrido com as prévias do PIB e da inflação”, conclui. 

A taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2024 apontada pelo IBGE é a menor para o período desde o ano de 2014, quando chegou a 7,2%. Na comparação anual, houve queda. No mesmo trimestre do ano passado, a taxa era de 8,8%.

Igor Rocha

Igor Rocha

Igor Rocha é jornalista, nascido e criado no Cantinho do Céu, com ampla experiência em assessoria de comunicação, produtor de conteúdo e social media.

Deixe uma resposta

scroll to top