“Tudo que me deixa feliz, triste, me dá raiva ou me ilumina, acaba virando canção”, diz Jota.pê sobre seu processo de criação

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O cantor Jota.pê, de 30 anos, coleciona vídeos cantando e tocando seu violão com milhões de visualizações nas redes sociais, tanto sozinho quando compõe ao lado da cantora Bruna Black, com o duo ÀVUÀ. Com o alcance no mundo virtual e os elogios ao timbre calmo e grave, o cantor paulista acabou de assinar com a Som Livre, sua primeira gravadora enquanto artista solo.

A novidade chega com o anúncio de lançamento de um álbum solo, ainda esse ano, e de uma nova fase artística para Jota.pê, que já cantou no The Voice, já foi indicado ao Grammy Latino com uma participação no álbum “ONZE” (2021) com ÀVUÀ, e já gravou também dois álbuns solos (“Crônicas de um Sonhador” e “Garoa”) e um álbum com sua dupla.

O novo álbum de Jota.pê terá a sonoridade característica do violão junto com as batidas eletrônicas e outros gêneros musicais como o rap /Foto: Divulgação slap/Som Livre

O artista de Osasco afirma estar muito feliz com tudo que tem acontecido. “Difícil absorver, mas tô feliz com a fase, ver pessoas se identificando com coisas que até então faziam sentido apenas pra mim. É especial isso“, diz ele, que explica por qual motivo suas composições falam sobre amor e sobre ser preto no Brasil.

Eu acho que falo sobre o que me movimenta, tudo que me deixa feliz, triste, me dá raiva ou me ilumina, acaba virando canção. Acredito que a música não mente e quem ouve percebe quando é de verdade, sabe? Então, tento ser de verdade, sinceramente não penso muito sobre os assuntos que vou compor, eu componho sobre o que acho que naquele momento tá vibrando mais em mim“.

E por isso, ele também acredita que a questão racial impacta bastante em sua identidade artística, já que, por colocar sua verdade no seu trabalho, coloca então o jeito que interpreta o mundo, que para ele tem a ver com onde as pessoas nascem, na época que nascem, por quem são criados, de que forma são criados e como as pessoas se expressam a partir disso.

A partir do momento em que minhas relações amorosas, profissionais e todas as outras são diferentes por eu ser um homem negro, minha visão de mundo e o que a minha caneta transforma em música também vai ser tocado por isso” explica Jota.pê, que destaca a importância de ter produções com essa linha de pensamento, para se conectar com outras pessoas negras.

“Tem muita gente passando pelas mesmas coisas que talvez precise ou simplesmente ache válido, se identificar mais com o que músicas e livros saem espalhando por aí. Ajuda a gente a não se ver tão excluído da sociedade, saber que o jeito que vemos o mundo e que o mundo nos vê, não é coisa da nossa cabeça e que isso altera quem a gente é“.

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Mas até chegar onde está hoje, o caminho foi longo. Tudo começou ainda em casa, já que segundo Jota.pê, o talento musical está no sangue. “A música sempre esteve na minha vida na verdade, na minha família muitas pessoas têm relação com a música, mesmo que nem sempre de maneira profissional, então nas festas de família sempre tinha muita música“, conta ele que além do violão, também toca guitarra, baixo e percussão.

Dos encontros de família, o artista embarca agora em um projeto solo, que segundo ele, foi produzido com mais calma, com composições que foram feitas com carinho. “Pude montar uma equipe linda pra participar, pensar cada pedaço do disco, sabe? Tô muito feliz de fechar com a Som Livre e ter apoio estrutural mesmo pra fazer as coisas direito. Ter Vassão, Lemos, Marcus Preto e meu empresário André Maia nisso comigo, e agora a Som Livre, me dá a tranquilidade pra dar vida a esse álbum”.

Os nomes citados pelo artista correspondem a Felipe Vassão e Rodrigo Lemos, que fazem a produção do álbum e do renomado Marcus Preto que assina a direção artística do projeto, que já trabalhou com Gal Costa e Emicida. A produção executiva do álbum, que ainda não teve o nome nem a data de estreia divulgados, é de André Maia.

Mas depois das experiências que adquiriu nos últimos anos, Jota.pê reforça a importância de confiar nos processos.

“Há 4 anos eu tinha pressa de viver todas essas coisas, hoje em dia percebo que foi a melhor hora pra estar vivendo o que eu vivo hoje, falando de gravadora e atenção de público e mercado crescendo, sabe? Porque viver esses outros discos, EP, Grammy, ColorsxStudios, turnê fora do país, tudo isso me ajudou a entender o que eu quero, o que não quero e como trabalhar pra organizar essas vontades da maneira mais profissional possível“, reflete o artista.

Cantor Jota.pê continua conquistando fãs nas redes sociais /Foto: Divulgação slap/Som Livre

Mas antes do lançamento de seu novo disco, retornará a Europa para apresentar sua arte, agora em turnê com o duo ÀVUÀ, em Julho, e diz que está super feliz e animado para voltar a se apresentar fora do país, dessa vez ao lado de Bruna Black.

Tô muito feliz de realizar mais um sonho ao lado dela, minha segunda tour por lá, mas dessa vez com ela, pela primeira vez. Estamos muito felizes de verdade por dividir tantos momentos especiais em nossas carreiras, e ansiosos pelos que virão“, conta Jota.pê que garante que os trabalhos do duo continuarão a todo vapor.

O duo não vai parar não (risos)… eu e Bruninha acreditamos que os dois trabalhos solos e o duo, são engrenagens que trabalham juntas, uma sendo combustível pro movimento da outra”.

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Enquanto trabalha em seu novo álbum e se prepara para a tour, o artista conhecido pelo timbre grave e calmo com um repertório inspirado na MPB, continua mostrando seu talento nas redes para felicidade dos seus fãs, e de quem o acompanha.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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