Butantan desenvolve anticorpo contra Zika para proteger grávidas

image-6.png

​O Instituto Butantan anunciou o desenvolvimento de um anticorpo monoclonal (mAb) capaz de neutralizar o vírus Zika, com aplicação voltada principalmente para grávidas em regiões com risco de transmissão. Segundo o próprio Butantan, o medicamento foi licenciado pela Universidade Rockefeller, dos Estados Unidos, onde o imunologista Michel Nussenzweig isolou e selecionou anticorpos humanos com comprovada eficácia experimental contra o vírus.

O Butantan está trabalhando no desenvolvimento de anticorpos monoclonais em escala farmacêutica, o que permitirá começarmos os estudos clínicos”, afirmou o diretor do Instituto, Esper Kallás, em entrevista institucional publicada no portal do Butantan. Conforme ele, os testes in vitro mostraram que, ao adicionar pequenas quantidades desse anticorpo a células infectadas, a replicação viral foi praticamente interrompida.

Grávidas terão uma dose administrada como proteção passiva. / Foto: Gerada por IA

O Instituto iniciou recentemente a produção do primeiro lote (cerca de 1.000 frascos) com previsão de conclusão entre nove meses e um ano. O estudo clínico inicial deve envolver de 30 a 40 voluntários saudáveis, e a aplicação em gestantes será avaliada em uma fase posterior. Este composto tem ainda a característica de permanecer no organismo por aproximadamente seis meses, o que pode conferir proteção prolongada à futura mãe, segundo estimativas preliminares da equipe.

A proposta é usar o anticorpo como medida de proteção passiva: uma dose seria administrada a grávidas em risco, reduzindo a chance de infecção e os potenciais efeitos sobre o feto. Essa estratégia poderia ser fundamental em casos de reemergência da epidemia, como a vivenciada em 2015, quando surgiram milhares de casos de microcefalia em recém‑nascidos.

A iniciativa do Butantan representa um avanço significativo no enfrentamento do Zika: utilizar anticorpos humanos neutralizantes com foco na proteção de gestantes pode posicionar o Brasil à frente na produção de respostas eficazes para futuras emergências sanitárias envolvendo arboviroses.

Leia mais: Pesquisadora paraibana visa transformar algas marinhas em tecidos.

Deixe uma resposta

scroll to top