A alta dos preços dos alimentos tem feito os brasileiros gastarem mais dinheiro nos supermercados, mas levando menos produtos para casa. É o que aponta um estudo realizado pela Dotz, empresa de tecnologia que também desenvolve análise de dados de consumo, com base nos dados de suas parcerias de varejo alimentar. De acordo com o levantamento, o consumidor que adquiria 19 produtos por compra em janeiro do ano passado, passou a levar para casa somente 17 no mesmo período de 2022. “Com este estudo, pudemos observar que o consumidor está gastando mais dinheiro, mas levando menos produtos para casa. O ticket médio cresceu 4%, chegando a um gasto de aproximadamente R$ 130 por compra, em razão do aumento de preços, decorrente de inflação e outros efeitos.”, disse o CEO da empresa, Roberto Chade.
Isso mostra que a alta de preços afetou diretamente no comportamento de compra e consumo dos clientes, que, mesmo reduzindo o tamanho da cesta, substituindo categorias, produtos e marcas, tiveram um aumento na despesa com o abastecimento dos lares. O reflexo dessa mudança é um crescimento do faturamento do setor em torno de 7%, inferior à inflação do período e puxado exclusivamente pela alta de preços. Por isso, o setor não teve crescimento real.
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O estudo destacou seis itens que apresentaram grandes variações na comparação com o ano anterior. Tanto a carne quanto o frango tiveram acréscimo de aproximadamente 18% no seu preço médio. Entretanto, foi possível notar que o consumidor está levando menos carne para casa, mas continua comprando a mesma quantidade de itens por cesta de frango, por ser mais barato, custando em média R$ 14, enquanto a carne chega a R$ 38.
Já produtos como café e açúcar apresentaram aumento de preço, no entanto, não tiveram uma grande queda na quantidade adquirida, por se tratarem de itens básicos na cesta do brasileiro, com diminuição de 6% e 7%, respectivamente. No caso do óleo de cozinha, mesmo que o preço tenha aumentado 17%, os brasileiros consumiram mais o produto neste ano, apresentando um acréscimo na cesta de 4%. O iogurte, por sua vez, subiu 32% no seu preço médio e, consequentemente, apresentou a maior redução na quantidade de itens por cesta das categorias analisadas, por se tratar de um produto não essencial.
Além desse cenário, a invasão russa a Ucrânia é outro fator que deve trazer repercussões para a economia brasileira. Foi o que alertou o professor e doutor em geografia e geopolítica, Wallace Carvalho, em recente entrevista ao “Notícia Preta”. Segundo ele, em um mundo globalizado, uma economia está interligada à outra e, consequentemente, se tornam dependentes entre si e uma das principais consequências para o mundo, não só para o Brasil, é o aumento do valor do barril de Petróleo, que impacta diretamente nos produtos de consumo dos brasileiros, como o gás de cozinha e alimentos. “Ainda não sabemos qual será a real dimensão deste conflito, que pode evoluir para uma guerra mundial, dependendo da reação dos países da Otan, mas sem sombra de dúvidas que o petróleo vai aumentar e o gás de cozinha acompanha esse reajuste e você tem um efeito em cadeia, encarecendo ainda mais os alimentos”, afirma Carvalho.
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