“Já passou da hora de darmos às mulheres pretas o devido respeito”, diz Eliane Dias, idealizadora da Boogie Naipe

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A segunda edição da Boogie Week, primeira presencial, foi realizada nesta semana abrindo o mês da Consciência Preta, em São Paulo, com a proposta de oferecer acolhimento à pluralidade de experiências negras. O evento que reuniu  artistas pretas, pretos e pretes, produtores e executivos da cultura buscou estimular a construção coletiva entre pessoas negras.

“A programação se abre para todas as culturas, não é direcionada a um só tipo de arte. Mas, é claro, na nossa cultura preta, a música é a base e está em todos os espaços. A música permeia todas as obras, e não poderia faltar na semana de cultura preta”, disse Eliane Dias, porta-voz e idealizadora do projeto.

Ao centro Eliane Dias, idealizadora da Boogie Week / Foto: Divulgação / Jeff Delgado

Em 2021 o evento já havia sido realizado de maneira virtual por conta da pandemia da COVID-19. Este ano promoveu uma série de pocket shows, espetáculo teatral, feira literária, stand up e palestras. 

O festival, traz como proposta central ainda, equiparar a presença entre homens e mulheres negros que estão à frente do projeto. “Já passou da hora de darmos às mulheres pretas o devido respeito, porque estamos em 2022 e ainda somos a base da sociedade brasileira, ganhamos muito menos que qualquer outro profissional, tanto monetariamente como no sentido da visibilidade”, completou Eliane.

Organizado pela produtora Boogie Naipe, o evento teve início com um painel que discutiu os desafios e as oportunidades da música preta. Nesse papo, teve a presença de Mayara Almeida que faz parte da comunicação e diversidade da Sony Music, Kaire Jorge diretor-executivo da produtora Boogie Naipe e as estilistas e rappers Tasha e Tracie.

Em resposta ao Notícia Preta, Tracie fala da importância de mulheres pretas a frente e atrás dos palcos: “Quem é mulher preta e trabalha com música e entretenimento sabe os desafios que a gente passa, não importa a importância que a gente tenha no lugar. Mas a gente sabe que isso vai mudar cada vez que nós tivermos cada vez mais profissionais pretas à frente.”

Já no segundo papo, as cantoras Tati Quebra Barraco, Jup do Bairro e a dermatologista Katleen Conceição debateram sobre a autoestima negra. “Eu acho que durante muito tempo a gente sempre procurou algum lugar que a gente se sentisse pertencente, um lugar onde a gente pudesse explorar e falar sem filtro, poder brincar e dialogar, principalmente sem essa ação do julgamento”, lembrou Jup do Bairro.

Na terceira mesa de conversa marcada, o papo da vez foi sobre o empreendedorismo com grandes nomes como Samantha Almeida Diretora de criação e conteúdo dos estúdios Globo, Helena Bertho Global Head de Dei da Nubank e Kondzilla.

“Nós estamos vendo a história ser construída hoje, e quero sempre lembrar que isso é muita conquista”, contou Almeida em coletiva.

Nos intervalos das palestras aconteceram os pocket shows da artista Karen Francis cantora nortista do Amazonas trazendo leveza e muito MPB pro palco da Boogie e depois Rincon Sapiência metendo muita dança no palco. O evento ainda contou com  uma grande apresentação teatral de Dominica Dias e Oda Silva com a peça ‘Cria de outro Planeta’

 Durante todo o dia de festival Boogie Week o público pode ver a exposição de Uberê Guelé, artista responsável pela identidade visual do festival e conferir uma feira de literatura preta. E, ao final, foi realizada uma Live com Mano Brown e a banda Boogie Naipe  que contou com participações especiais de Seu Jorge e Carlos DaFé.

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