O governo Jair Bolsonaro recusou, em 2020, comprar vacinas da Pfizer pela metade do preço pago pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia. A empresa negociou o imunizante por cerca de US$ 20 cada dose. Cerca de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer poderiam ter sido entregues a partir de dezembro de 2020 por US$ 10 cada. Porém, 4 meses antes, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, considerou as vacinas caras.
As informações foram divulgadas pela Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (07/06), com base em e-mails trocados entre representantes da gigante da indústria farmacêutica, a Pfizer.
O governo federal quebrou a cláusula de confidencialidade com a Pfizer quando, em abril deste ano, divulgou na internet o contrato assinado com a empresa para a compra dos imunizantes. O Planalto pagou os US$ 10 por dose, mas as primeiras vacinas da Pfizer chegaram só em abril de 2021.
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O gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, afirmou, em depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, que governo federal recebeu 6 propostas para comprar vacinas da Pfizer até fechar contrato com a farmacêutica. Segundo ele, a Pfizer queria fazer do Brasil uma vitrine da vacinação.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, contabilizou 53 e-mails enviados pela Pfizer ao governo a partir de agosto cobrando resposta sobre a oferta das 70 milhões de doses.
Segundo o congressista, a última mensagem on-line, datada de 2 de dezembro de 2020, é “um e-mail desesperador da Pfizer pedindo algum tipo de informação porque eles queriam fornecer vacinas ao Brasil”.