“Se lá (na prisão) está muito cheio é problema deles”, diz Bolsonaro sobre proposta de diminuição da maioridade penal

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O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, participam do lançamento do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB)

Bolsonaro afirmou durante sabatina na Record que prefere menor infrator na cadeia em defesa da diminuição da maioridade penal. A fala do candidato à presidência aconteceu no último domingo (23), uma semana atrás ele colocou como proposta de governo uma lei que poderá responsabilizar e prender jovens a partir de 16 anos. 

De acordo com Bolsonaro, jovens de 16 e 17 anos são minorias, portanto podem ser presos em cadeias com outros criminosos maiores de idade. Apesar dessas pessoas estarem na escola, o chefe do governo federal disse que se forem presos e fiquem em uma prisão superlotada isso é um problema deles. 

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Jovem atrás de um cerca com olhar triste. Foto – Unplash

“O Lula sempre defendeu ladrão de celular. Dizendo que eles estavam cometendo o crime para ganhar um dinheirinho”, declarou Bolsonaro. Apesar disso, o ex-presidente Lula nunca defendeu, muito menos disse esse discurso.  

Situação da educação e carcerária no Brasil 

“Lugar de moleque dessa idade (16 e 17 anos) é para estar na escola. Agora essa minoria que faz maldade, mata nossos filhos por aí, roubam, sequestram e estupram o lugar deles é na cadeia. Se lá está muito cheio é problema deles.”, declarou Bolsonaro. 

Uma estimativa feita pela UNICEF mostra que dois milhões de crianças e adolescentes de 11 a 19 anos não estão frequentando a escola no Brasil. Além disso, antes da pandemia 62% das crianças fora da escola eram negras, atualmente esse número subiu para 70%.

Leia também: 62% das crianças fora da escola são negras

Nas propostas de campanha de Bolsonaro ele não tem nenhum projeto que almeja diminuir o número de crianças e jovens fora da escola. Assim, quando perguntado como lidou com a educação e ensino durante a pandemia, o presidente disse ter criado um aplicativo de smartphone. 

Bolsonaro
Alunos da Escola Municipal Senador Corrêa, na zona sul da cidade, voltam às aulas. Foto – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Apesar disso, o número de pessoas negras e pobres no Brasil com acesso aos smartphones e internet ainda é muito baixo. Além de que a desigualdade atinge até mesmo na questão social, por isso muitas pessoas são recrutadas por organizações criminosas para sobreviverem. 

Na questão carcerária atualmente são quase 1 milhão de pessoas presas, inclusive 70% destas pessoas são reconhecidas como pretos ou pardos. A maioria desse número é representado por homens negros, muitos convivem em um ambiente superlotado. 

Racismo e desigualdade social. 

O atual chefe do governo federal também disse na sabatina que os jovens de 16 e 17 anos que não cometerem crime devem ter como recompensa o direito de tirar carteira de motorista. Caso contrário eles devem ser presos, mesmo as cadeias estarem superlotadas. 

Um levantamento feito pelo AutoPapo revelou que o custo para manter um carro popular no Brasil é de 11.784 reais por ano. Enquanto um carro de luxo custa 22.091 reais. Ou seja, o salário mínimo durante um ano cobre quase todo o valor para manter um carro. 

Leia também: 3 em cada 10 famílias brasileiras enfrentam insegurança alimentar

Uma família brasileira gasta por mês 618,00 reais equivalente a quase 50,9% do salário mínimo de R$1.212. Deste modo, além de viver em uma insegurança alimentar, ainda há outros custos básicos como energia, água, transporte público e saúde. 

Por fim, a maioridade penal de acordo com Bolsonaro seria para jovens a partir de 16 anos. Enquanto isso, ele não apresentou nenhuma proposta de educação ou para diminuir a desigualdade no país com foco em pessoas pobres e negras.

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