Brasil ultrapassa Rússia no número de mulheres privadas de liberdade: 62% delas são negras

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Brasil ultrapassa Rússia no número de mulheres privadas de liberdade. O país conta com 42 mil presas enquanto a Rússia tem 37 mil. No ranking dos países é o terceiro colocado, em primeiro lugar estão os Estados Unidos (211 mil) e China (145 mil). Ainda de acordo com o levantamento, 62% delas são negras.

Os dados são da quinta edição do World Female Imprisonment List, levantamento a nível mundial realizado no Reino Unido sobre mulheres presas, feito pelo ICPR (sigla em inglês para Instituto de Pesquisa em Políticas Criminal e de Justiça) de Birkbeck College (Universidade de Londres). O levantamento considera tanto presas provisórias (aquelas que ainda não foram julgadas) quanto condenadas. No Brasil, 45% das mulheres encarceradas são presas provisórias

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Pessoas com privação de liberdade no Brasil. Foto – Marcello Casal Jr/ Agencia Brasil

O número de mulheres privadas de liberdade é quatro vezes maior desde os anos 2000. Já no mundo, a população prisional feminina cresceu 60%, somando 740 mil mulheres. Em comparação com a população carcerária masculina o Brasil ocupa também a terceira posição no ranking mundial.  Desde 2000, essa população aumentou 22% no globo, o equivalente a quase um terço do crescimento entre mulheres.

Em 2000 o número de mulheres encarceradas era de 6 presas para cada 100 mil mulheres, agora é de 20, o que coloca o país em 15º lugar no ranking proporcional. liderado por EUA (64), Tailândia (47), El Salvador (42), Turcomenistão (38), Brunei (36), Macau, na China, (32), Belarus (30), Uruguai (29), Ruanda (28) e Rússia (27).

Ainda de acordo com o estudo, 74% das mulheres presas são mães e 56% têm dois ou mais filhos, segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública de 2018.

“Muitas mulheres presas são mães que têm sido a principal ou a única cuidadora de seus filhos. Portanto, as consequências de cada vez mais mulheres serem presas são sérias para famílias, comunidades e para a sociedade como um todo”, afirma a Catherine Heard, diretora do projeto no ICPR.

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De acordo com levantamento feito pela Informações Penitenciárias (INFOPEN),   das 42 mil mulheres presas no Brasil, 62%  delas são  negras. A partir de dados disponibilizados pelo  14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2020), em 15 anos, a proporção de negros no sistema carcerário cresceu 14%, enquanto a de brancos diminuiu 19%. Seria o equivalente a cada três presos, dois são negros.

Marina Lopes

Marina Lopes

Marina Lopes é jornalista e escritora juiz-forana, apaixonada pela palavra e por contar histórias através dela.

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