“Azeviche”: álbum de estreia de Ana Cacimba, traz temas como afrocentrismo, feminilidade e afetividade

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O álbum “Azeviche”, o primeiro de Ana Cacimba, é guiado por 9 faixas que misturam passado e futuro, fundindo ritmos da cultura popular brasileira e latina com beats e elementos eletrônicos. Azeviche é uma gema de cor escura, feita de madeira fossilizada, com aparência idêntica a de um carvão, e é considerada uma pedra de purificação e proteção.

Azeviche é o primeiro disco da cantora – Foto: Paola Bertani

O registro faz analogias às pedras e aos corpos pretos iluminando temas como força das Yabás (orixás femininos), negritude, afetividade preta, mulheridades, ancestralidade e fé afro-religiosa. “Gravar meu primeiro disco de estúdio é uma grande realização na minha carreira, principalmente por ser uma artista periférica e descendente quilombola, é uma forma de mostrar que é possível e inspirar outras mulheres artistas na mesma situação que a minha”, conta Ana Cacimba.

Ouça o álbum no Canal do YouTube da cantora

A artista invoca, como mote da obra, a palavra “aquilombamento”, ou seja, constituir um quilombo que transcenda o círculo territorial e se torne posição social resistente à hegemonia branca. Nesse sentido, a ancestralidade é uma forma de recuperar e atualizar a resistência negra de seus antepassados.

“sempre vi minha arte como uma forma de dar continuidade às tradições, além de ser minha principal forma de oração. Assim como minha avó cantava na beira do rio lavando roupa ou rimava os versos para benzer, eu canto as minhas vivências e memórias, que perpassam as vivências dessas mulheres – minha mãe, minha avó, as que vieram antes delas e todas essas pessoas que existiram e existem pra que eu pudesse ser quem sou”, relata.

Sobre ela

Ana Cacimba é mãe e artista multidisciplinar descendente quilombola. É cantora, compositora, atriz e apresentadora. Iniciou em 2015 uma pesquisa pessoal sobre os cantos e tradições da região de sua família, oriunda da comunidade quilombola de Caititu do Meio, no vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Desde então, mergulha na sonoridade das manifestações populares brasileiras como forma de continuidade das tradições e como busca por sua própria identidade.

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