Atividades econômicas com indícios de ilegalidade aumentaram desmatamento na Mata Atlântica, revela estudo

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Mata Atlântica é considerada a  floresta mais antiga da América do Sul

O estudo intitulado “Padrões alarmantes de perda de florestas maduras na Mata Atlântica brasileira” (tradução livre), publicado pela revista Nature Sustainability na última semana, analisou o desmatamento da Mata Atlântica, entre 2010 e 2020. A pesquisa concluiu que a maior parte das ocorrências de desmatamento se deu em pequenas áreas de grandes propriedades privadas a partir de atividades econômicas, que demonstravam sinais de ilegalidade.

Os dados também apontam que a utilização do solo para a pecuária, silvicultura para carvão e plantações de soja foram as principais responsáveis pela devastação e exploração da Mata Atlântica, resultando na perda do bioma em um equivalente a 200 mil campos de futebol. 

Região da Mata Atlântica no município de Rio Vermelho (MG) / Foto: Douglas Magno/SOS Mata Atlântica

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade de São Paulo (USP) e da Organização Não Governamental (ONG) SOS Mata Atlântica, revisaram dados de imagens capturadas por satélites nas regiões de predominância da Mata, no período de 10 anos. Os dados indicaram que mais de 186 mil hectares de florestas maduras em 14 mil locais foram derrubados, da costa do Nordeste até o Sul do Brasil.

O levantamento, que considerou a distribuição geográfica, o perfil fundiário, o tamanho e uso de terras após o desmatamento, evidenciou que as florestas maduras da Mata Atlântica, as mais ricas e raras em biodiversidade, têm desaparecido em um ritmo alarmante. Cerca de 1,9 mil quilômetros quadrados de floresta foram perdidos, com aumento de desmatamento nas regiões do Centro-Oeste, Sul e na maior parte dos estados do Nordeste. Em contrapartida, houve a diminuição do desmatamento em regiões do Sudeste.

O desmatamento foi registrado em todos os 17 estados em que a Mata Atlântica se faz presente, com maior índice em Minas Gerais (34%) e na Bahia (26%), regiões que juntas representam 50%  de toda a área desmatada de floresta madura. Como consequência, os pesquisadores destacaram o risco de extinção de espécies de árvores endêmicas do Brasil, o alto nível de emissão de CO₂ (89,14 milhões de toneladas entre 2010 e 2020) e perda de serviços ecossistêmicos, como a regulação climática, a conservação da biodiversidade e o fornecimento de água, essenciais para cerca de 70% da população brasileira

A pesquisadora do Inpe, Silvana Amaral, que também foi uma das responsáveis pelo estudo, afirmou que “foram detectados 14.401 polígonos de desmatamento, resultando em uma perda de 186.289 hectares. Essas perdas ocorreram principalmente em terras privadas para expansão agrícola, mas também em áreas protegidas e terras indígenas“. O estudo também demonstrou a expansão da agricultura no desmatamento das terras para criação de pastagens e a falta de regulamentação como desafios para efetivação de leis de proteção do território.

Leia também: Desmatamento cai na Mata Atlântica, mas aumenta nas fronteiras com o Cerrado e Caatinga

Êmily Reis

Êmily Reis

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa em 2025, possui experiência em assessoria de imprensa, organização de eventos e comunicação institucional pela mesma Universidade. Atualmente, atua como jornalista em uma rádio local da cidade de Ponte Nova.

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