A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lançou o Relatório 2022 do Monitoramento da Violência contra Jornalistas no Brasil. O documento feito pela entidade mostra anualmente os dados relativos a ataques contra a imprensa no Brasil, e revelou um aumento de 23% dos atentados contra jornalistas, em relação a 2021.
Os números apresentados pelo levantamento, mostram um aumento de 328% desde o início da série histórica do estudo, em 2019. Naquele ano foram registrados 130 casos, e em 2022, foram 557 alertas. E as redes sociais também têm um potencial perigoso para a violência contra jornalistas, já que a pesquisa também demonstra que mais de 60% dos ataques do último ano iniciaram ou repercutiram online.
A jornalista Thayany Melis afirma não ter sofrido nenhuma violência, mas já viu colegas de profissão sofrendo. Por conta disso, a profissional confessa sentir medo. “Mesmo que eu não tenha sofrido nenhum tipo de retaliação, eu tenho medo sim. Temos o papel de informar a população, seja qual for o assunto, mas é claro que sempre vai ter um público que não irá gostar”, explica Thayany.
Além disso, a jornalista destaca o quão longe os agressores são capazes de ir. “Mas a questão principal é: até onde vai esse não gostar? Infelizmente, chegamos em uma era onde estamos sujeitos a qualquer tipo de ataque, verbal ou físico. E pior, na maioria das vezes, além de atacarem o lado profissional, partem para o pessoal”, alerta.
E os limites são mesmo ultrapassados. O relatório da Abraji revela que 31,2% dos episódios violentos de 2022 incluíram agressões físicas, intimidação, ameaças ou destruição de equipamentos. E as regiões do país mais violentas para jornalistas, são o Sudeste e o Centro-Oeste, com o Estado de São Paulo sendo o lugar com mais casos de violência (117), seguido pelo Rio de Janeiro (88).
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Para Thayany, os atos violentos contra os profissionais da imprensa acontecem por conta da forma como as notícias são veiculadas, e como a informação atinge as pessoas. “No caso do segundo exemplo, acredito que interpretação é algo muito pessoal, então as vezes a notícia é passada de uma forma, mas atinge o público de outra forma, baseado em vivências, opiniões e experiências. Na minha visão, esse é principalmente motivo de tamanha violência”, afirma.
Visando monitorar, combater e investigar os casos de violência contra a imprensa, o Ministério da Justiça criou o Observatório da Violência contra Jornalistas e Comunicadores Sociais. O órgão será composto por enviados da Federação Nacional dos Jornalistas, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, da Associação Brasileira de Imprensa, do Instituto Vladimir Herzog, do Intervozes, Repórteres Sem Fronteiras, e outros.
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