Diante de denúncias recentes de racismo em aeroportos, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco e o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, se reuniram com o comandante da Polícia Federal, Andrei Passos, e representantes da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) na terça-feira (16).
A ministra Anielle Franco colocou o MIR à disposição para a construção de soluções conjuntas. “São casos que vêm sendo recorrentes, então queremos construir uma solução coletivamente. Nós entendemos o papel da Polícia Federal e estamos à disposição para contribuir com o letramento racial”.
Anielle ainda ressaltou o repúdio ao caso da professora Samantha Vitena, que denunciou a conduta racista da tripulação ao ser expulsa de um voo na Bahia. Ela afirmou que o episódio foi “inadmissível” e reforçou a responsabilidade das instituições “para que haja um movimento de mudança”.
“No caso da Bahia, o comandante preencheu um documento dizendo que a passageira estava comprometendo o seguimento do voo e solicitaram a retirada pela PF. Foi instaurado um inquérito e estamos averiguando uma possível conduta racista por parte da tripulação”, pontuou Andrei.
A Corregedora Geral da Polícia Federal, Helena de Rezende, se comprometeu com formação continuada sobre racismo no órgão. Ela afirmou que as instituições precisam estar preparadas para reconhecer o racismo estrutural e sugeriu reforçar o letramento racial dos agentes por meio de seminários. “Essa pauta, como sabemos, não é regular da segurança pública, é uma busca permanentemente corrigir isso”, afirmou.
Silvio Almeida, ministro dos direitos humanos e da cidadania, pontuou que as empresas precisam de ações mais duras, para além do letramento racial. “A formação é importante, mas é parte muito pequena de um processo, pois o racismo tem manifestações institucionais. Precisamos de um grande plano de combate ao racismo institucional que mude a maneira de lidar das instituições e não só dos indivíduos”, finalizou.
O ministro reforçou o papel de uma comunicação clara com os passageiros sobre as medidas de inspeção e segurança e fiscalizar possíveis condutas racistas. Segundo Silvio, “racismo passa por desmontar esse campo que passa pelo mal entendido. Tanto a ANAC quanto a PF têm uma influência grande de contribuir sobre outras instituições. Não adianta fazer um seminário e as empresas fazerem o que querem. Não basta dizer que não é racismo, tem que comunicar isso com clareza”.
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Por fim, Tiago Sousa Pereira, diretor-presidente substituto da ANAC agradeceu a intervenção e colocou o órgão à disposição para contribuir coletivamente com um grupo de trabalho que deve reavaliar condutas e protocolos das instituições competentes para o combate ao racismo.