África do Sul: lojas são fechadas após manifestantes protestarem contra anúncio que classifica cabelo de negros como ‘secos e danificados’

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EFF members protest outside a shutdown Clicks store in Protea Gardens, Soweto. EFF embarked on a nation wide 'for the dignity of black people' protest against the chain store. The protest resulted in the shutdown of 37 stores in 5 provinces. Photo / Shiraaz Mohamed

Um anúncio para produtos de cabelo da TRESemmé , marca da Unilever Plc, foi considerado racista na África do Sul, gerou revolta e levou centenas e manifestantes as ruas, nesta segunda-feira (07). O protesto fechou mais de 400 lojas da rede Clicks, que divulgou a propaganda onde aparecia a imagem de um cabelo africano com a descrição “seco e danificado”, enquanto o cabelo do branco era classificado, no mesmo anúncio, como como “fino e liso”.

O comercial, postado no site da Clicks na última sexta-feira (05), provocou reação nas redes sociais e a rede varejista retirou o produto de circulação no mesmo dia.

“Estou profundamente desapontado por termos permitido a publicação de imagens insensíveis e ofensivas em nosso site”, disse o chefe do Clicks, Vikesh Ramsunder, em um comunicado no domingo. “Os funcionários negligentes foram suspensos e nós envolvemos o fornecedor, que agora também emitiu um pedido de desculpas”, disse o presidente-executivo.

Os pedidos de desculpa, entretanto, não foram suficientes e manifestantes liderados pelo partido de extrema esquerda Economic Freedom Fighters (EFF) foram para as ruas exigir o fechamento das lojas do Clicks por pelo menos uma semana.

“Os brancos nos insultam e depois pedem desculpas, acham que acabou. Não vamos mais aceitar desculpas que não sejam acompanhadas de justiça”, disse o líder da EFF, Julius Malema, a apoiadores do lado de fora de uma loja fechada do Clicks em Polokwane, na província de Limpopo. “Quem é punido por projetar os negros como pessoas feias?”, questionou Julius Malema.

Foto / Shiraaz Mohamed

Vídeos compartilhados no Twitter mostram algumas lojas do Clicks fechadas, enquanto outras têm seguranças formando uma linha de proteção em frente aos manifestantes que gritam palavras de ordem . Em outro vídeo, os apoiadores do partido são vistos puxando as prateleiras de uma loja.

A empresa ameaçou com uma ação legal contra o partido político, mas o líder da EFF disse a seus apoiadores para estarem “prontos para o combate” e declarou que a EFF não seria “intimidada por ameaças”.

“As implicações disso são que a identidade negra existe como inferior à identidade dos brancos. É uma afirmação de que os padrões de beleza brancos devem ser absorvidos e as características do negro representam danos, decadência e anormalidade”, disse a EFF em um declaração.

Os membros do partido, que vestem macacões vermelho como demonstração de solidariedade aos trabalhadores, fizeram protestos semelhantes em 2018 contra a varejista de roupas H&M depois que a empresa publicou um catálogo em que um menino negro usava um moletom com o slogan “o macaco mais legal da selva “.

A EFF, formada em 2013 por Malema, sempre adotou uma abordagem populista para se distinguir do Congresso Nacional Africano (ANC), que acusa de se desviar de seus ideais revolucionários. Malema denunciou que o ANC negligenciou a comunidade pobre – principalmente negra – e, em vez disso, representa os interesses das grandes empresas, que são amplamente controladas pela minoria branca. Muitos dizem que o racismo continua enraizado na sociedade sul-africana, mesmo 29 anos após o fim do Apartheid.

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