Número de cotistas no serviço público está abaixo dos 20%, mostra levantamento

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Marcelo Camargo/ABr São Paulo - Um grupo de alunos da Universidade de São Paulo (USP) realiza ato a favor do sistema de cotas em frente à reitoria da universidade

Um levantamento realizado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), divulgado na última segunda-feira (11), revela que o percentual de cotistas no serviço público está abaixo dos 20% estabelecidos pela Legislação.

O estudo “Judicializações decorrentes da aplicação da Lei de Cotas nos concursos públicos e processos seletivos” objetiva identificar os entendimentos no Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à aplicação da Lei de Cotas diante da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADC) que questionou a validade da legislação.

Os cotistas no serviço público representam pouco mais de 15% – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A pesquisa sistematizou os processos no STF para mapear os entendimentos do Tribunal que valem como referência para os demais judiciários estaduais e foi constatado que 129 processos que citavam a Lei de Cotas foram analisados pela Corte.

Layla Cesar, advogada e pós-doutoranda em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB), coordenadora da pesquisa conta como foi feito o levantamento e os resultados.

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“O levantamento reuniu dados sobre o desempenho da política de cotas analisando concursos públicos que tiveram edital publicado entre 2014 e dezembro de 2019. O resultado: o número de ingressantes através do sistema de reserva de vagas estava abaixo dos 20% fixados pela lei. Só 15,4% foram identificados como cotistas”, explica.

Metodologia

A pesquisa nasceu do interesse do MGI em entender como se posiciona o Judiciário no julgamento de ações judiciais envolvendo as cotas para negros em concursos públicos.

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O recorte de processos com circulação só no STF ocorreu porque nele estão concentrados o maior número de ações coletivas julgadas a partir de 18 de junho de 2017, data da ADC 41, que determinou que a Lei de Cotas era constitucional e definiu as principais teses para sua interpretação.

‘Não vai existir uma lei perfeita, que não sofra nenhum tipo de contestação. Sempre haverá uma interpretação a ser disputada junto ao judiciário. O que queremos é buscar formas de diminuir a margem para divergência. Isso traz decisões mais uniformes e maior segurança jurídica, sem cada magistrado decidir algo diferente sobre a mesma norma”, finaliza Layla Cesar

Igor Rocha

Igor Rocha

Igor Rocha é jornalista, nascido e criado no Cantinho do Céu, com ampla experiência em assessoria de comunicação, produtor de conteúdo e social media.

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