Uma série de manifestações foram feitas no último final de semana na cidade de Kansas, no estado do Missouri, nos Estados Unidos, após um jovem negro de 16 anos levar dois tiros, um na cabeça e outro em um dos braços, após ter batido por engano na porta de uma casa. Protestantes seguiram até a casa do adolescente cantando Black Lives Matter e também se reuniram do lado de fora da casa do suspeito, que foi indiciado.
No domingo (16), Ralph Yarl recebeu alta, segue se recuperando em casa e progredindo com o tratamento, de acordo com as declarações do pai do jovem ao jornal Kansas City Star. O caso aconteceu na última quinta-feira (13) em Kansas, quando o adolescente negro foi buscar os irmãos mais novos na casa de um amigo, confundiu o endereço, acabou bateu na porta da casa errada e foi baleado pelo proprietário do imóvel.
O Kansas possui uma lei que permite que os cidadãos usem força letal caso se sintam ameaçados e tenham seu terreno ou casa invadidos. Porém os investigadores ainda avaliam se o caso se enquadra ou não nessa lei. “Reconheço os componentes raciais deste caso”, admitiu o chefe da polícia de Kansas City, Stacey Graves, ao jornal Kansas City Star.
O suspeito, que é um homem branco e identificado como Andrew Lester, de 84 anos, foi levado à Central de Polícia para prestar depoimento. Em seguida, foi liberado, mas já foi acusado de agressão em primeiro grau e ação criminosa armada. Porém não constam nos documentos uma motivação racial para o crime, e por isso não foi acusado de crime de ódio.
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A tia de Yarl, Faith Spoonmore, disse à agência de notícias Kansas City Defender que considera isso um absurdo. “Isso não foi um ‘erro’, foi um crime de ódio”. Por conta disso, a tia do rapaz criou uma vaquinha virtual para arrecadar recursos que serão usados no tratamento de Ralph. A página do GoFundMe descreve o adolescente como “estudioso e um dos melhores clarinetistas do Missouri”. A vaquinha virtual já arrecadou mais de US$ 2,7 milhões
Os advogados de direitos civis que defendem Ralph Yarl, Ben Crump e Lee Merritt, criticaram as autoridades por libertarem o suspeito e condenaram a violência que o jovem negro de 16 anos, sofreu. “Você não pode simplesmente atirar em pessoas sem ter justificativa quando alguém bate à sua porta — e bater na porta não é uma justificativa”, afirmou Crump.