“Nossa luta não para jamais”, afirma atriz Fernanda Dias sobre abolição

FERNADA-DIAS_MEUS-CABELOS-DE-BAOBA.jpeg

Além dela, outros artistas também comentam sobre os 135 anos da abolição da escravatura no Brasil

O final de um processo longo, lento e difícil, marcado por muitas lutas. 13 de maio de 1888, a abolição do trabalho escravo no Brasil não foi resultado do humanismo ou da benevolência da família Real brasileira, conforme muitos acreditam, mas aconteceu porque um grande número de pessoas de nossa sociedade mobilizou-se para forçar o Império a pôr fim ao trabalho escravo.

135 anos depois, existe o que comemorar, é claro. Mas ainda há muito para avançar. Em uma época em que questões como a representatividade racial estão cada vez mais em foco, uma data como esta é necessária para reafirmar que todo o esforço pela igualdade não é em vão, mas nunca será suficiente. Trata-se de uma luta constante e necessária.

A atriz Fernanda Dias acredita na valorização da identidade negra feminina, sua força e a conexão com a ancestralidade de se reinventar. “Nossa luta não para jamais. Ver cada conquista, cada espaço avançado traz uma sensação de vitória. A abolição aconteceu porque pessoas lutaram e através da arte continuamos lutando contra injustiças, preconceito e qualquer tipo de intolerância”, afirma a atriz.

Fernanda Dias em “Meus cabelos de Baobá” – Foto: Divulgação

Ela sobe ao palco do Teatro Firjan Sesi, neste sábado (13), em Jacarepaguá, para contar sobre ancestralidade, autoestima e empoderamento da mulher negra com o espetáculo “Meus cabelos de Baobá”.

“A abolição da escravatura no Brasil aconteceu por meio da resistência realizada pelos próprios escravizados, a adesão de parte da nossa sociedade à causa por meio de associações abolicionistas e a mobilização política dos defensores do abolicionismo”, completa.

Representatividade

A arte e a cultura, como manifestação política que deve ser, tem papel fundamental nisso, pois trata-se de um exemplo onde muitos buscam se espelhar. E a presença de negros e demais minorias representativas nas telinhas, telonas e nos palcos é essencial para que todos e, sobretudo as crianças, desenvolvam o sentimento de que não são diferentes ou inferiores aos outros.

O ator Milton Filho, em cartaz no Teatro Vannucci, no shopping da Gávea com o espetáculo musical “Só Lupicínio”, também comemora esse dia que junto com a Consciência Negra é um marco na luta pela liberdade e igualdade. Milton também fez parte da comissão de frente da vitoriosa escola do carnaval carioca, Imperatriz Leopoldinense e também está na segunda temporada de “Dom”, na Amazon Prime.

Milton Filho na pele de Lupicínio Rodrigues – Foto: Ernane Pinho

“Artistas plurais e diversos. Esse é o caminho para uma real democracia na arte e cultura. Para que a abolição seja de fato e de verdade cada dia mais uma realidade para todos. Que as pesquisas mostrem cada dia mais que negros não estão mais nas estatísticas dos que ganham menos, ocupam cargos inferiores e são os mais atingidos pela violência”, desabafa.

Vencedor do 33° Prêmio Shell categoria Melhor Ator, Cridemar Aquino, o Gonzaga da novela “Vai na fe”, da Rede Globo, celebra esse momento importante da vida e carreira.

Leia também: Exposição de grafite estreia no Itaú Cultural, em SP

“Ser reconhecido como um dos grandes artistas desse Brasil por um prêmio de tão grande notoriedade é uma honra pra mim. Sou o segundo homem negro a ganhar o Prêmio Shell de Melhor Ator em 33 anos, o primeiro foi o seu Milton Gonçalves, em 2004, e agora, quase 20 anos depois, fui eu”, celebra.

Ele lembra ainda que possui uma trajetória longa nas artes cênicas e sempre foi um ator muito preocupado com o meu fazer artístico. “Fui ensinado assim, eu tenho responsabilidades outras com a minha arte, com a minha cultura, com a minha ancestralidade e com o futuro do nosso povo preto nesse país”, comenta.

Cridemar de Aquino ganhou o Prêmio Shell 2023 na categoria melhor ator – Foto: Divulgação

“São 26 anos de trajetória artística trabalhando intensamente, tentando construir junto aos meus parceiros da arte um lugar de profunda discussão e reflexão sobre as nossas contribuições enquanto diáspora para construção de um país mais justo, menos violento e com mais respeito a vida de 56% dessa população brasileira que se autodenomina negra aqui neste país”. Conclui

Deixe uma resposta

scroll to top