Por Marina Lopes*
Hoje, venho falar sobre um sentimento de solidão. Esse sentimento que muitas vezes nem conseguimos expressar, mas que com certeza é compartilhado por muitos e muitas de nós. Quando eu falo de solidão, não é estar sozinha fisicamente. O que venho falar hoje é sobre a solidão da luta diária. Essa que em muitos dias faz com que a gente desanime de bater de frente com que nos machuca.
Os grupos os quais represento em minha vida são diversos, plurais em posicionamento, por tanto, talvez não me caiba falar em nome de todos. Mas sei que há quem se identifique. Em uma sociedade onde o mito da democracia racial, dos preconceitos com gênero e classe ainda são muitos marcantes, ir contra isso tudo, muitas vezes se torna uma luta um tanto sem apoio.
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Para exemplificar essa solidão, trago alguns fatos: uma mulher sofre assédio em uma balada, na frente dos seus melhores amigxs e estes não fazem nada para repreender o assediador. Ou, você vê o seu melhor amigx sofrendo com piadas racistas e mesmo percebendo o erro, não repreende os racistas. Atitudes neutras diante de violência não ajudam na melhoria dos cenários preconceituosos. Demonstra somente uma falta de empatia, identificação ou até mesmo uma imensa falta de caráter. Além disso, faz com que o oprimido se sinta completamente sem apoio.
Gostaria que você, leitor, entendesse que esse texto não é sobre um vitimismo. É na verdade para refletir sobre a rede de apoio que pessoas pretas, LGBTQIA+, mulheres (dentre outros grupos colocados à margem da sociedade) muitas vezes não possuem. Treine seu olhar para ver as pequenas violências diárias que pessoas bem próximas de você sofrem e não seja um elemento neutro diante delas. É importante saber que podemos contar com alguém que mesmo não fazendo parte desses grupos “minoritários”, está ali por nós. Então amigxs, se posicionem e nos acolham, a gente precisa de uma luta menos solitária.