Por Rubens Guilherme Santos
Dois brasileiros fizeram história na Copa Africana de Nações (CAN) de 2004. Os maranhenses José Clayton e Francileudo Santos foram peças fundamentais na campanha da Tunísia, campeã africana daquele ano. José Clayton Menezes Ribeiro nasceu em 21 de março de 1974, em São Luís. O lateral-esquerdo começou a carreira em sua cidade natal, no Moto Club, aos 17 anos. Nas duas primeiras temporadas como profissional, foi campeão estadual.
Em 1994, aos 20 anos, o jogador transferiu-se para o Étoile du Sahel, da Tunísia. No norte da África, o lateral colecionou passagens por quatro clubes: Étoile du Sahel, Espérance, Stade Tunisien e Stade Gabèsien. Por lá, Clayton foi tetracampeão nacional e campeão da Copa das Confederações da CAF. Além dos clubes tunisianos, o lateral defendeu o francês Bastia, o Al Sadd, do Qatar, onde foi campeão nacional, e o turco Sakaryaspor.
Francileudo dos Santos Silva Lima, apenas Francileudo ou Santos, nasceu no dia 20 de março de 1979, em Zé Doca, também no Maranhão. Começou a carreira nas categorias de base do Sampaio Corrêa. Antes mesmo de figurar no elenco principal do tricolor maranhense, transferiu-se para o futebol belga. Estreou como profissional no Standard Liége em 1996.
Com pouco espaço e com problemas de adaptação no time belga, o atacante transferiu-se para o Étoile du Sahel, em 1998. Logo em sua primeira temporada na nova casa, o brasileiro foi artilheiro do campeonato tunisiano com 14 gols e conquistou a Copa das Confederações da CAF. Atuou ainda pelos clubes franceses Sochaux, Toulouse, Istres e Belfort e pelos suíços Zurich e Porrentruy. Na França, foi campeão e artilheiro da Ligue 2 na temporada 2000/01, com 21 gols e campeão da Copa da Liga em 2003/04, todas as conquistas pelo Sochaux. Na Suíça, conquistou o campeonato nacional pelo Zurich, em 2006/07.
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O primeiro dos dois jogadores brasileiros a vestir o branco e vermelho das Águias de Cartago foi Clayton. Em 1998, quando defendia o Étoile, o jogador naturalizou tunisiano e foi um dos convocados para a Copa do Mundo da França.
Já Francileudo naturalizou-se apenas em 2003, às vésperas da CAN de 2004. Ele alimentava o sonho de vestir o verde e amarelo do Brasil, mas nunca foi lembrado pelos treinadores da seleção canarinho. E mesmo com uma curta passagem pelo Étoile, quando jogava no Sochaux, o artilheiro decidiu defender o país que o acolheu.
Juntos, Clayton e Francileudo viveram o momento mais importante da carreira na CAN de 2004. Jogaram o torneio continental no país que os acolheram. Com o apoio da torcida, os dois foram essenciais para a conquista do título. O atacante marcou 4 gols ao todo, incluindo um na final, e foi um dos artilheiros do torneio. Já o lateral-esquerdo chutou a bola que sobrou para o segundo gol do jogo, marcado por Jaziri, que garantiu a vitória por 2 a 1 e a taça para os donos da casa. A final realizada no Estádio 7 de Novembro, em Radès, contou com um público de aproximadamente 65 mil pessoas.
Clayton encerrou a carreira em 2008, com 34 anos, quando atuava no Stade Gabèsien. Pela seleção das Águias de Cartago, o lateral disputou 39 jogos e marcou 4 gols. Participou da campanha dos africanos no mundial de 2006, que ficaram na última colocação do Grupo G, com apenas um ponto somado. Nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, com 30 anos, foi convocado como jogador de sobre-idade para representar a Tunísia. Marcou um gol na competição. O país não passou da primeira fase do torneio e somou quatro pontos.
Em 2016, aos 37 anos, depois de um período defendendo o Porrentruy, Francileudo decidiu se aposentar do futebol. Pela seleção do norte da África, disputou a Copa das Confederações de 2005, a Copa do Mundo de 2006 e ainda a Copa Africana de Nações em 2004, 2006 e 2008. No total, foram 40 partidas pela seleção e 22 gols marcados. Tem 10 gols em três edições disputadas da CAN.
Dois maranhenses, dois ídolos tunisianos. Para lograr a maior conquista de sua história no futebol, as Águias de Cartago contaram com uma colaboração mais que especial de dois brasucas.
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