Seis a cada dez mulheres, assassinadas em Minas Gerais, eram negras. Esse dado consta no Atlas da Violência 2019, produzido e divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na última quarta feira (5). Outro dado alarmante é que este tipo de violência tem crescido em todo o Estado e supera a média nacional de homicídios.
Entre os anos de 2007 e 2017, o aumento dos homicídios foi de 4,2% no território mineiro, enquanto as mortes de mulheres negras cresceram 5,2%. Na contramão desses dados, os crimes contra mulheres brancas tiveram uma redução de 6,9%, no mesmo período.
De acordo com o advogado Warley Belo, membro do Instituto de Ciências Penais (ICP), os números refletem o racismo estrutural que ainda persiste na sociedade, apesar de toda luta dos negros. “O problema não é apenas de gênero, mas também de raça. Há questões históricas de desequilíbrio econômico, formação educacional e estrutura familiar que vão refletir proporcionalmente sobre as mulheres”, explica.
Dificuldades
O Atlas da Violência aponta também que as mortes de mulheres por arma de fogo dentro de casa aumentaram em cerca de 30% em todo país, o que, de acordo com o relatório, “causa preocupação a flexibilização em curso da posse e porte de armas de fogo no Brasil”.
Segundo Monaliza Alcântara, psicóloga e integrante da Comissão Mulheres e Questões de Gênero do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG), “muitas vezes, essas pessoas não têm estrutura afetiva nem emocional para saírem desse lugar em que são colocadas porque, além da violência de gênero, são alvo de racismo. Além disso, recebem apoio pouco qualificado do poder público”, afirma.