Será lançado no próximo domingo (30) o filme Movimento III, com direção do coreógrafo e diretor brasileiro Mario Lopes. O longa-metragem reúne Erica Malunguinho, Leo Castilho, Mahal Pita, Dandara Modesto, Maloka Filmes, Malu Avelar, Maré de Matos, Kelet (Finlândia) e outros grandes nomes do cenário nacional.
“Sou muito grato por todas essas existências poderosas que tornaram o sonho do filme em uma realidade para sonhar. Mais de 50 pessoas, espalhadas por 4 cantos do mundo, trabalhando com paixão e entrega em plena pandemia. Companheires que, mesmo na exaustão instaurada pelo vírus sindemico, invocaram a esperança, deixando de correr atrás da tal luz no fim do túnel e juntes resolvemos explodir o túnel para que a luz entrasse agora atravessando nossas corpas, corpos e existências aqui, alí e lá. Realizamos uma afrotranstopia”, ressalta Mário Lopes.
Guiando o conceito e narrativa, a história contada – sobre um futuro não muito distante – de uma pequena comunidade que sobrevive após uma catástrofe ambiental. Os habitantes, já vitimados pelas violências colonialistas, tentam, por meio do cruzamento de tecnologias originárias e remanescentes da tragédia, promover o bem-estar físico e espiritual de seus membros que foram acometidos por uma doença identificada como PACACO-bi, sequela das violências patriarcais, capitalistas, coloniais, binaristas e mais.
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Mario ressalta também que todas as cenas foram gravadas, paralelamente, conectando profissionais da Alemanha, Brasil, Finlândia e Moçambique. “Mais do que lugares geográficos, estes são lugares do tempo não linear, da interseção de existências, memórias e por vir”, afirma.
O resultado é o que Mario chama, como já citado antes, de “afrotranstopico”. “A coreografia cinematográfica surge de um desejo coletivado de realizar o impossível. Ensinaram-me que sonhar é utópico. Afrotranstopia antes de mais nada é realização. É uma questão política realizar sonhos ditos distantes para as existências negras. A real utopia é pensar um mundo onde existências podem executar seu próprio ser. Somos filhos de uma tecnologia afro indígena de povos originários dos dois lados do atlântico. Especulamos nosso futuro de corpas negres. Afrotranstopia é a intersecção entre tecnologias, existências e afrotranscendência. A utopia do ocidente de que está tudo certo e de que existe cura, enfrentamos com tratamentos paliativos. Afinal, celebrar não é a cura, é o caminho mesmo”, finaliza.
Movimento III será exibido em espaço instalativo e comissionado pela Trienal de São Paulo e, para mais informações sobre a obra, acesse o site do diretor, Mario Lopes.