Casal se fantasia de “nega maluca” em festa evangélica na Região Serrana do Rio

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Um casal se fantasiou de “nega maluca” e foi a uma festa evangélica, no último sábado (23), em Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro. Pintados de tinta preta e utilizando perucas afro, a dupla publicou nas redes sociais uma foto sorrindo com os adereços, prática considerada racista pelos movimentos negros, e conhecida por “blackface”. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apura se houve crime de racismo.   

O evento foi promovido pela Igreja Batista Atitude, localizada em Petrópolis. As imagens viralizaram e está sendo alvo de críticas. A prática de “blackface” consiste em se fantasiar de uma pessoa preta para gerar entretenimento para pessoas brancas. A prática é carregada de estereótipos e reforça o racismo estrutural e recreativo na sociedade. 

O vereador Yuri Moura (PSOL), presidente da Comissão de Educação, Assistência Social e Defesa dos Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Petrópolis, apresentou o caso ao MPRJ. O segmento de culturas Afro-brasileiras, quilombolas e de matrizes africanas publicou uma nota em seu perfil no Instagram, nesta segunda (25), condenando a prática de racismo recreativo: 

“Infelizmente hoje acordamos com práticas inaceitáveis em nossa cidade de Petrópolis. Um casal praticou blackface simbolizando a população negra. Importante frisar que o corpo negro, não é entretenimento e muito menos uma fantasia para alegrar festas. Práticas como esta, são enquadradas no Racismo Recreativo, uma forma de desumanizar a população negra, utilizando de forma depreciativa tal atitude. Solicitamos que as autoridades locais, tomem as medidas cabíveis”, diz um trecho da publicação. 

O texto também relembrou a lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que criminaliza a discriminação ou preconceito racial. 

A repercussão chegou até a Igreja Batista Atitude, que lançou uma nota: “as partes envolvidas não tinham conhecimento do que é “BlackFace”, portanto, fizeram suas fantasias sem intenção de serem racistas”. O texto foi assinado por Wallace Cardoso e segue: ́”Sabemos quem somos como igreja e jamais admitiremos qualquer tipo de discriminação em nosso meio. Nós em momento algum fizemos qualquer tipo de discriminação. Nós amamos a todos, sem exceção, assim como Cristo nos ensina em João 13:34.”, afirma. O texto foi publicado na íntegra no Jornal Tribuna de Petrópolis. 

Até o momento não houve posicionamento do casal a respeito da prática. 

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