Pela primeira vez o índice de quem é favorável ao impeachment de Jair Bolsonaro supera os críticos ao processo de afastamento do atual presidente, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (15).
Em meio ao andamento da CPI da Covid, é possível ver que há um crescimento da rejeição ao presidente. Isso porque na última pesquisa, realizada em março deste ano, 50% afirmavam se opor ao impeachment, enquanto 46% se declararam a favor.
Na série de sondagens do Datafolha sobre o tema, o impeachment chegou a ser rejeitado por 53% dos entrevistados em janeiro, ante 42% apoiando a cassação.
A reprovação ao impeachment vai a 52% entre homens e no Sul do país. Também sobe para 60% entre entrevistados que dizem não ter medo do coronavírus, 57% entre evangélicos e 56% entre assalariados registrados.
Já o apoio ao afastamento cresce entre jovens de 16 a 24 anos (57%), moradores do Nordeste (também 57%), desempregados que procuram emprego (62%) e entrevistados que dizem ter muito medo da pandemia (60%). Entre eleitores do ex-presidente Lula (PT), o apoio ao afastamento salta para 74%.
O levantamento foi divulgado na mesma semana em que a avaliação do governo do presidente atingiu a pior marca desde o início do mandato, segundo pesquisa Datafolha divulgada na noite desta quarta-feira. O percentual dos que consideram a gestão ótima ou boa caiu de 30% em março, quando foi feito o levantamento anterior, para 24%.
O índice dos consideram o governo ruim ou péssimo era 44% e agora soma 45% na pesquisa realizada entre esta terça-feira e esta quarta-feira, com 2.071 entrevistas presenciais em 146 municípios de todo o Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Presidente da OAB: “Não é aceitável que toda presidência termine em impeachment”
Crítico de Jair Bolsonaro, Felipe Santa Cruz não vê condições para um impedimento do presidente da República. “O melhor caminho para repactuar uma nação é o caminho das urnas”, diz. Segundo ele, no entanto, parecer elaborado pela entidade aponta crime de responsabilidade.
“(Bolsonaro) não esconde a tendência golpista”, afirma Felipe Santa Cruz em entrevista ao jornal Correio. Apesar do profundo desapreço pelo presidente da República, o chefe da OAB afirma que a solução, desta vez, não passa pelo impeachment. O melhor é deixar que as urnas pronunciem o veredito. “Não é aceitável que toda presidência termine em impeachment. Eu vejo muita dificuldade no processo de impeachment neste quadro atual”, frisa o presidente da OAB.
Mais de uma centena de pedidos de impeachment contra Bolsonaro repousam na Câmara dos Deputados. Os requerimentos se acumulam desde a gestão do ex-presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assim como na atual, de Arthur Lira (PP-AL). O assunto é frequente em Brasília, mas Santa Cruz segue a linha de muitos atores na capital da República: não há clima para um terremoto político dessas proporções.