No último domingo (25), aconteceu uma manifestação antirracista no Parque Moinhos de Vento (Parcão) em Porto Alegre (RS), desta vez os manifestantes se reuniram para pedir o fim do racismo e supremacia branca, devido ao ato que ocorreu no mesmo lugar, na última quarta-feira (21), em que um dos manifestantes, intitulado “Carrasco”, estava usando roupas do grupo supremacista branco dos EUA, Ku Klux Klan.
O Portal Notícia Preta conversou com o Alejandro, diretor da União Brasileira de Estudantes Secundaristas do Rio Grande do Sul (UBES/RS), e também membro da União de Negros (UNEGRO) que participou do ato antirracista deste último domingo. Alejandro explicou como funcionou a organização para o ato. “O movimento foi organizado a partir de um ato racista que ocorreu na semana passada, quarta-feira (21), que foi um dos maiores símbolos do racismo presente no nosso Estado, quando homenagearam a Ku Klux Klan (KKK) e, por isso, nos juntamos com a União da Juventude Socialista (UJS)“, conta.
O ato contou com a presença de membros do movimento negro gaúcho, juntamente com diversos cidadãos, a maioria usava camisetas pretas e exclamavam pedindo o fim do governo Bolsonaro. “O ato aconteceu, porque entendemos que o momento em que vivemos, permite e nos obriga a repudiar este tipo de ato racista, porque se vemos, durante o dia, em uma quarta-feira, realizarem atos racistas e terem o aparato da polícia e do Estado, o que vem depois?” questiona Alejandro.
Ainda segundo Alejandro, o grupo fez questão de escolher o mesmo local em que ocorreu o ato da última quarta-feira. “Nós realizamos o ato no Parcão, por vários motivos. Primeiro porque foi uma área construída a base do suor e do sangue do nosso povo, foram os negros escravizados que construíram a cidade e o nosso Estado, e também escolhemos, porque é um local que ocorre muitos atos pedindo, por exemplo, o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e também apoio ao presidente Bolsonaro”, afirma.
Na última sexta-feira (23), dois dias antes de acontecer o ato, a Bancada Negra de Vereadores eleita em novembro de 2020, nas eleições Municipais, em conjunto com membros do Movimento Negro, como a UNEGRO, assinaram um Boletim de Ocorrência coletivo, denunciando a manifestação do último dia 21, na Delegacia de Combate a Intolerância, onde eles pediram investigação sobre o ocorrido. “Enquanto cidadão e enquanto membro de uma organização, eu espero que consigamos travar e apresentar mais esse debate de que racismo não pode ser mediado, não existe meio termo contra o racismo, precisamos travar a nossa luta em defesa e enxergando que para combater esse sistema. Também precisamos combater essa estrutura, porque o racismo é uma estrutura e assim se destrincha a luta antirracista”, finaliza Alejandro.