Segundo dados disponibilizados pelo painel PrEP no site do Ministério da Saúde apenas 9,1% das mulheres fazem uso de PrEP, sendo que 6,4 são mulheres cis e 2,7% mulheres trans. Atualmente o Brasil conta com um total de mais de 130 mil usuários da chamada PrEP, mas em sua maioria são os homens que fazem o uso.
Esta disparidade acende um alerta sobre qual o motivo da baixa adesão ao medicamento entre o público feminino. A PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), é uma das formas de prevenir o HIV, que consiste na tomada de comprimidos antes da relação sexual, o que prepara o organismo para uma possível exposição do HIV. O medicamento é disponibilizado gratuitamente via Sistema Único de Saúde (SUS) e pode ser usado continuamente independente do gênero ou orientação sexual. Para a enfermeira Carolina Freitas, especialista em saúde coletiva e sexualidade, o baixo uso da PrEP entre mulheres está atrelada ao histórico da epidemia de HIV.
“Acredito que a principal dificuldade de acesso seja se ver enquanto pessoa em situação de risco. Compreender que qualquer prática sexual insegura pode ser um risco para infecção, mesmo sendo uma mulher heterossexual ou não. Além disso, os profissionais de saúde também possam ter uma dificuldade nessa percepção e acabar centrando nas mulheres apenas os métodos contraceptivos” afirma Carolina. Para a especialista é necessário rever a abordagem, ampliando o diálogo com o público feminono e especialmente as mulheres negras.
“Dialogar com acolhimento e com linguagem adequada que faça com que as mulheres possam vivenciar sua sexualidade de forma prazerosa e segura, para além da prevenção da gravidez indesejada, ampliando esse diálogo para além dos consultórios, acredito ser o caminho que temos que percorrer. Campanhas e abordagens que as incluam precisam fazer parte das ações estratégicas e midiáticas.” finaliza a enfermeira. Segundo Carolina umas barreiras de acesso é a desinformação bem como o preconceito por parte de profissionais conservadores, o que afeta a credibilidade do medicamento.
A especialista reforça a importância de toda mulher procurar mais informações não só sobre a PrEP, mas também a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), aos testes rápidos, autoteste de HIV e outras tecnologias de prevenção. A PrEP em mulheres cisgênero devem ser usadas diariamente , basta um autoteste, teste rápido ou exame laboratorial para HIV negativo.
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