Menina negra é morta por bala perdida na Baixada Fluminense (RJ)

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Uma menina negra foi morta por bala perdida na noite da última quarta-feira (25), em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Rafaelly da Rocha Vieira foi levada ainda com vida para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do município.

Em nota, a Secretaria de Saúde de São João de Meriti informou que a menina “teve parada cardiorrespiratória, e todas as tentativas de salvamento foram realizadas, mas, infelizmente, sem sucesso”.

Foto: Reprodução redes sociais

A menina foi atingida na Rua Doutor Monteiro de Barros, esquina com a Rua Getúlio de Moura, em São João de Meriti, por volta das 19h30. A Getúlio de Moura é uma das vias mais movimentadas do município.

O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Agentes buscam imagens de câmeras de segurança que tenham registrado a ação e ajudem a identificar os criminosos.

Moradores relatam terem visto homens encapuzados invadindo a rua e disparando tiros. Rafaelly brincava com outras crianças e foi atingida na altura do tórax.

Moradores contaram o que presenciaram ao jornal Bom dia Rio.

Ao ouvir os disparos, vem descendo a mãe dela fortemente gritando: ‘Minha filha, minha filha’. Vimos que foi a pequena Rafaelly, que tinha sido atingida e estava caída no chão. A gente não sabe quem foram os autores dos disparos nem para quem tinha sido. Sei que eles entraram em uma rua que tem muita criança, não estamos acostumados com isso. Atirando a esmo”, disse Luiz Claudio da Silva.

A rua estava cheia, todo mundo conversando, as crianças brincando. Do nada só ouvimos os disparos e o corre-corre, só vi pegando ela do chão e colocando no colo”, narrou Carolaine Esteves.

Os moradores se organizaram em protesto, durante a manhã desta quinta-feira (26), pedindo Justiça por Rafaelly. Eles ateavam fogo a caixotes de madeira e sofás no local onde o crime aconteceu.

Apelo à sociedade

A madrinha da menina Elza Alaíde Menezes, fez um apelo à sociedade.

Pedir que a Justiça seja feita não vai fazer diferença, não vai trazer a minha afilhada de volta. Todos os dias estamos enterrando crianças no nosso estado. Parem de normalizar o uso de armas. Parem de achar que é normal crianças morrerem todos os dias. Não é normal”, disse a madrinha de Rafaelly.

Ela conta o que a menina fazia antes de ser baleada. “Minha afilhada tinha passado o dia inteiro dentro de casa. Falando no campo da família, conversando. Ela foi até o portão. As outras crianças chamaram. A vizinha disse: ‘Não vai não’. E ela falou: ‘Vou só lá, ver o que as outras crianças querem’. Porque ela era assim, atenciosa com todo mundo. Ela cuidava do pai, da mãe, do avô, da bisavó dela. Destruíram a nossa família”, contou Elza.

Elza disse também que a área onde a família mora, não é de risco e que soube da morte da afilhada quando estava no trabalho.

“A vizinha me telefonou, eu estava no trabalho. Eu liguei para o meu irmão, que estava indo para o hospital, sabendo apenas que ela tinha sido baleada. Toda hora as pessoas mudam as informações, mas vocês podem ver que é uma rua que não tem barricada, nada disso. Não teria motivo para tal coisa”, disse a madrinha da menina.

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Ela conclui falando sobre a dor do momento. “A gente acha que só vai acontecer na família do próximo. A gente acha que só vai ver na televisão. E, nesse exato momento, o corpo da minha afilhada está no IML com um tiro de fuzil. Ela morreu, com dez anos de idade, com um tiro de fuzil. Ninguém merece passar por isso, ainda mais uma criança”, encerrou Elza.

Marina Lopes

Marina Lopes

Marina Lopes é jornalista e escritora juiz-forana, apaixonada pela palavra e por contar histórias através dela.

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