No ano passado houve um recrudescimento da violência contra pessoas transgênero no Brasil, segundo dados do dossiê anual feito pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Em 2020, foram registrados 175 assassinatos, todos de mulheres transexuais e travestis. Das travestis mortas em 2020, 78% eram negras.
Os dados de 2020 deixam o Brasil, mais uma vez, na primeira posição do ranking mundial de assassinatos de pessoas trans no mundo, posição que ocupa desde 2008, conforme dados internacionais da ONG Transgender Europe (TGEU). Entre 2017 e 2020, quando a Antra começou a publicar o dossiê anual, foram contabilizados 641 assassinatos de pessoas trans no Brasil.
A estimativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos, segundo a Antra. Esta média vai diminuindo conforme se interseccionam outros marcadores sociais, como raça e classe. “Ser negra, mulher trans ou travesti, periférica ou favelada, do interior, faz esta média cair muito“, alerta a entidade.
As maiores chances de uma pessoa trans ser assassinada estão na faixa entre 15 e 29 anos. “A morte de uma adolescente trans de apenas 15 anos ratifica o fato de que a juventude trans, que enfrenta o ciclo de exclusão constante nessa pesquisa, está diretamente exposta à violência que enfrenta no dia a dia. Isso é resultado do discurso anti-trans, que tem se tornado cada vez mais comum e aceito na sociedade“, afirma a entidade.
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